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Sobre o produtor

Sigo de Volta trata da relação dos jovens com as tecnologias de comunicação, em especial, as redes sociais. O texto é de Ana Paula Anderson com direção de Leticia Cannavale e Erik Vesch.


As atrizes Rafaela Ferreira e Isabella Moreira dão vida às personagens Úrsula e Giovana. Elas participaram de todo o processo de concepção da peça. A motivação para mergulhar nesse universo veio da relação que as duas têm com as redes sociais – juntas somam quase 5 milhões de seguidores no Instagram. Com o grande crescimento que experimentam nessas redes, elas alcançam esse grande público, entre outros motivos, pela participação no elenco da última novela infantil da rede aberta de televisão, As Aventuras de Poliana no SBT. 


“O projeto é uma oportunidade de dar voz às questões expressas por esse público fiel, majoritariamente jovem e feminino, incluindo as questões que nós temos em relação a autoimagem e autoestima”, contam Rafaela e Isabella. 


Com 45 minutos de duração, o experimento transita entre teatro, vídeo, animação e streaming, sendo um híbrido que aproveita o melhor de cada linguagem. Teve o  apoio do Proac para sua temporada de estreia virtual de 20 de Novembro a 07 de Dezembro de 2020. Atingiu público em inúmeras cidades brasileiras, onde algumas não possuem acesso ao teatro e outros equipamentos culturais, sendo o experimento cênico o primeiro contato artístico de muitas crianças e adolescentes que assistiram. Devido ao grande sucesso da primeira temporada, o grupo reestreia de forma independente pelo Sympla-Youtube com contribuição voluntária do público. 



Sinopse 

Duas irmãs, diferentes mundos, um choque, faíscas: Giovana (Isabella Moreira) tem passado seus dias imersa num jogo de realidade virtual enquanto Úrsula (Rafaela Ferreira) está fazendo uma longa viagem de bicicleta. Quando elas se encontram virtualmente, após os embates iniciais, cada uma vai se deixando seduzir pelo universo da outra, o diálogo flui e as irmãs elaboram uma experiência em comum.

Sigo de Volta foi criado para estrear no palco, presencialmente. Essa ideia não foi descartada, mas, neste momento de pandemia, a equipe decidiu continuar com as apresentações de maneira online. Quando for possível, o grupo deseja que o espetáculo atinja o seu objetivo: o encontro. O texto da peça teatral permanece inédito. A dramaturga Ana Paula Anderson adaptou o texto para o experimento virtual, que segundo ela, é essencialmente sobre a habilidade de conversar. 

“Passamos por outros temas, também: a performance de si no mundo virtual, o desejo por conexões genuínas com outras pessoas e com o próprio coração, a descoberta do corpo, as limitações impostas aos corpos femininos de experimentarem o mundo livremente. Mas na base de tudo está a necessidade de se aprender a correr os riscos de uma conversa não mediada por telas, onde não podemos controlar como aparecemos para o outro”, conta Ana Paula. 

A dramaturga cita, ainda, a psicóloga norte-americana Sherry Turkle, que pesquisa cultura digital há mais de 30 anos e tem um estudo sobre o poder da conversa para a formação dos jovens em termos de autoconhecimento, empatia, criatividade, capacidade cognitiva e valorização da democracia. “Parece óbvio afirmar que saber conversar é importante para cultivar tudo isso, mas aparentemente não é - e essa questão é ainda mais urgente desde que a pandemia exacerbou nossas interações no mundo virtual. Como os mais jovens podem se exercitar em conversas espontâneas, em debates ao vivo, em sustentar serem o que são se o tempo todo podem editar o que dizem e como aparecem?”, completa. 

Sobre a encenação, por Leticia Cannavale

“A peça fala sobre comunicação. São duas irmãs que vivenciam realidades objetivamente opostas, uma viajando o mundo de bicicleta e a outra viajando pelos ambientes que ela mesma cria dentro do mundo virtual. Será que a vida dentro da rede e os diálogos através de videochamadas e lives são capazes de reduzir as distâncias e ausências geradas pelo mundo contemporâneo? Sigo de Volta foi escrito pela Ana Paula para ser encenado no teatro onde seria acentuada a importância do encontro e da presença física para a comunicação completa acontecer. Com a pandemia tivemos o nosso processo interrompido e percebemos que podíamos falar da importância do encontro real a partir da impossibilidade de vivenciá-lo. O mundo passou por este desafio e o discurso ficou ainda mais potente depois do que vivenciamos coletivamente no período de isolamento social. Então decidimos montar o espetáculo virtual sob esse novo ponto de vista, mas ainda mantendo os temas do texto original. É um grande desafio dirigir um espetáculo nessa nova plataforma artística e procurei sempre manter a teatralidade dentro da virtualidade imposta por esse novo veículo.”

Sobre o vídeo, por Erik Vesch

“Para acessar as consciências inquietas dos nativos digitais através da linguagem audiovisual é importante falar a mesma língua. A sobreposição de momentos pré-gravados e editados, em diálogo com momentos de encenação ao vivo, a dinâmica da edição, som e animações ampliam as possibilidades de diálogo com a audiência.” 

Com a utilização da tecnologia cada vez mais precoce e frequente e com crianças e jovens substituindo as amizades reais pelas virtuais, preferindo se divertir aderindo ao mundo virtual através de jogos eletrônicos e redes sociais, Sigo de Volta se faz um espetáculo urgente e necessário. 

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