Perante o Supremo Tribunal do Reino das Sombras apresenta-se Luculus Brasilis, o general civilizador, que precisa prestar contas da sua existência na terra para saber se é digno de adentrar no Reino dos Bem-Aventurados. Sob a presidência do juiz dos Mortos, cinco jurados participam do julgamento: um professor, uma peixeira, um coveiro, uma ama de leite e um não-nascido. Estão sentados em cadeiras altas, sem mãos para segurar nem bocas para comer, e os olhos há muito apagados. Incorruptíveis.
Black Brecht: E se Brecht fosse Negro? é um espetáculo comtemplado com o Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo. O grupo Legítima Defesa se debruçou sobre aquilo que começou como uma provocação: E se Brecht fosse Negro? Nesta provocação, se Brecht fosse negro qual seria o lugar ocupado pela raça? Sua obra seria lida por uma perspectiva interseccional? Unindo classe, raça e gênero? Seria possível construir um espetáculo sobre uma perspectiva afro brasileira diaspórica da obra e dos procedimentos de Brecht?
Para compor o texto de Black Brecht, foram utilizados diversos materiais - escrituras coletivas, dramaturgias sonoras, gestos, outras imersões públicas, exposições e diversas intervenções urbanas.
Classificação Indicativa: 18 anos
(Contém Nudez)
O Legítima Defesa é um coletivo de artistas/atores/atrizes de ação poética, portanto política, da imagem da negritude, seus desdobramentos sociais históricos e seus reflexos na construção da persona negra no âmbito das linguagens artísticas. Constituindo desta forma um diálogo com outras vozes poéticas que tenham a reflexão e representação da negritude como tema e pesquisa.
Este ato de guerrilha estética surge da impossibilidade, surge da restrição, surge da necessidade de defender a existência, a vida e a poética. Surge do ato de ter voz.
Ser invisibilizado é desaparecer, desaparecer é perder o passado e interditar o futuro, portanto não é uma opção.
Formado em 2015, o coletivo apresentou a performance poético-política "Em legítima defesa" na Mostra internacional de Teatro de São Paulo de 2016. Em 2017, estreou o espetáculo "A missão em fragmentos – 12 cenas de descolonização em legítima defesa" na programação da Mostra internacional de Teatro. Tem em sua bagagem uma série de Intervenções Urbanas. Atualmente está ocupando a Casa do Povo com seu novo projeto de pesquisa.