05 jul - 2019 • 21:00 > 05 jul - 2019 • 22:30
05 jul - 2019 • 21:00 > 05 jul - 2019 • 22:30
Edição
de julho do Projeto Cambada apresenta Eleonora Falcone com o show ‘Mais que
Mar’
Composições inéditas, os poemas de Lúcio Lins musicados e cantados por Eleonora Falcone ampliam os horizontes da música nordestina ao mergulhar profundamente em suas origens. Essa combinação perfeita estará presente na edição de julho do projeto Cambada, em que a cantora paraibana apresenta o show ‘Mais que Mar’, no qual será feito o lançamento físico do EP, que foi lançado digitalmente o ano passado. A apresentação será na sexta-feira (5), às 21h, na Sala de Concertos Maestro José Siqueira. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia entrada) e a bilheteria abre com uma hora de antecedência. Conta com as participações especiais de Adeildo Vieira e Seu Pereira, e com os músicos: Lucas Carvalho (acordeom) , Elma Virginia (baixo elétrico e acústico), Gilson Machado (bateria e percussão) e Felipe Gomes (trompete).
A
cantora e compositora Eleonora Falcone nasceu em João Pessoa, cidade onde se
formou em Psicologia antes de se mudar para o Rio de Janeiro no final da década
de 1980. Tem em Lúcio Lins, portanto, um conterrâneo ilustre, notável, entre
outras coisas, por ter dedicado boa parte de sua obra poética à cidade natal.
O primeiro contato de Eleonora com a
poesia de Lúcio Lins foi por meio da música, mais especificamente “Duas
Margens”, parceria do poeta com Chico César. O impacto foi tal que ela decidiu
incluir a canção no repertório de seu disco de estreia, Apetite (2000). Ainda
antes do lançamento, os dois se conheceram e iniciaram um intercâmbio artístico
que rendeu duas faixas de Pedaço de Sol (2007), trabalho que marca o retorno da
cantora a João Pessoa e seu último registro em disco. Esta parceria é
agora celebrada no EP ‘Mais que Mar’, que traz composições inéditas, criadas
por Eleonora após o falecimento do poeta em 2005.
Poesia
musicada - “Duas Margens”, origem de toda esta
trajetória, carrega alguns dos principais elementos que caracterizam a obra de
Lúcio Lins. Não por acaso, estas características também percorrem as letras das
seis faixas que compõem este EP. O uso de palavras simples, coloquiais, para
expressar ideias antagônicas e complementares; a fusão entre atributos humanos
e naturais, como se um universo se expressasse no outro; e a temática das
águas, tão constante em seus versos, que tornou Lins conhecido como o Poeta do
Mar. Em resumo, o eu-lírico mais presente nos textos de Lúcio Lins quer ser, ao
mesmo tempo, gente, rio e mar, e, dessa maneira, ser mais que gente, mais que
rio, mais que mar.
Nesse sentido, Eleonora Falcone se
deixou navegar pelos poemas que mais lhe tocavam, buscando descobrir em sua voz
as melodias sugeridas por cada um deles, para em seguida harmonizá-las ao
piano. O intuito inicial era o registro em vídeo de um show que representasse
as novas parcerias, além de outras canções assinadas por Lins.
Mas as águas desviaram o curso do
projeto, desta vez concretamente: uma inundação na sala de concertos acabou forçando
o cancelamento do espetáculo, o que conduziu à opção de gravar as músicas em
estúdio. Além das composições, Eleonora Falcone assina a produção do EP. Os
arranjos também foram dirigidos por ela e concebidos organicamente com o acordeonista
Lucas Carvalho e o percussionista Gledson Meira. Aliando simplicidade,
versatilidade e profundidade – elementos que distinguem a produção artística do
poeta homenageado –, Eleonora percebeu no acordeom e em instrumentos
percussivos típicos, como a alfaia, o triângulo, a zabumba e o tambor, os
timbres perfeitos para criar a sonoridade de ‘Mais que Mar’. “Gosto muito do
formato de voz-acordeom-percussão, ao mesmo tempo simples e de grandes
possibilidades, e que nos remetem a várias culturas, inspirações e influências.
Fazer o máximo com o mínimo é algo que sempre busquei.”
O
disco - A ordem das faixas parece indicar, em
diferentes níveis, um mesmo caminho que vai da melancolia resignada em “Sanhauá”
(faixa de abertura, que inspirou clipe dirigido por Raphael Aragão) até a
esperança ativa em “Dez Momentos de Pedra”. Se na primeira canção – que faz
referência ao rio em cujas margens nasceu a cidade de João Pessoa –, há um sentimento
íntimo de incompletude (uma incompletude de origem), na última, destacam-se a força,
a dureza e o brilho, próprios daquilo que é pedra e que continua (ainda que
mutável) ao longo do tempo. Os ritmos e, sobretudo, o canto de Eleonora Falcone
acompanham este percurso. Pontuando o caminho, o voo sem corpo de “Vestindo o
Poema”, a queda para o alto em “Poeta”, o misterioso naufrágio que “História
Flutuante” sugere e o mantra “Medo do Escuro”, todas propondo um movimento de
partida que sai do eu até o indefinido.
Juntas, as músicas apontam para a
metáfora do rio que encontra uma trilha entre as pedras para seguir ao mar, compondo
assim tanto a representação de uma trajetória individual específica, quanto a
de uma coletividade, como a brasileira, que busca se reinventar para superar
retrocessos. O EP propõe ainda um diálogo com os povos que vieram de além-mar e
nos legaram não apenas a língua portuguesa, mas os jeitos de escrevê-la,
dizê-la e cantá-la. Trata-se de navegar novamente um oceano de sentidos que une
duas porções da Terra, este planeta feito de água, que já foi comparado em
versos célebres à Paraíba para um saudoso poeta em exílio, conferindo assim
dimensões cósmicas a uma tradição lírica motivada pela saudade da terra natal.
É exatamente este jogo de relativizações o que a musicalidade de Eleonora
Falcone desvenda na poética de Lúcio Lins em ‘Mais que Mar’. Uma vez que os
versos do poeta desafiam os eixos normais de percepção ao borrar fronteiras de
significados, a cantora e compositora vale-se do modalismo presente na música
do Nordeste para adivinhar as melodias contidas nos poemas. Desta maneira,
letra e música parecem também deslocar no tempo e no espaço as noções mais
explícitas sobre identidade regional paraibana e nordestina, não por negá-las, mas,
ao contrário, por mergulhar profundamente em suas origens. “Creio que, embora
essa experiência venha se dando através de uma linguagem contemporânea e
universal, repleta de paisagens sonoras, ela reflete nossa identidade praiana,
nordestina, resultado do cruzamento do sangue índio e negro com povos da
península ibérica. É a Parahyba do Nordeste do Brasil.”
Projeto –
O Cambada foi lançado em janeiro de 2016, com a ideia inicial de se realizar
uma temporada anualmente. Com o nome que faz referência ao coletivo de
caranguejos, virou sucesso de público, e a frequência de shows passou a ser
mensal.
A proposta consiste em realizar uma
série de shows onde artistas da terra ou radicados na Paraíba se apresentam com
repertório construído com músicas de compositores paraibanos. Além da qualidade
das atrações, outro atrativo do projeto é o preço popular, uma forma de
estimular o público a consumir e apreciar os artistas locais.
Serviço:
Projeto Cambada apresenta: Eleonora
Falcone - Mais que Mar
Data: 05/07, 21h
Local: Sala de Concertos Maestro José
Siqueira
Preços: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia
entrada)
Rua Abdias Gomes de Almeida, 800, Sala de Concertos Maestro José Siqueira, Tambauzinho
João Pessoa, PB
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