14 jun - 2022 • 19:00 > 14 jun - 2022 • 21:30
14 jun - 2022 • 19:00 > 14 jun - 2022 • 21:30
A ESCRITA DA MONSTRUOSIDADE
o corpo como voz e autoficção
pocket curso com Jéssica Balbino
Eu me tornei jornalista - e por conseguinte escritora - pra fazer com que meu nome chegasse antes do meu corpo onde eu imaginava não haver espaço/desejo pra ele. Trabalhei e escrevi assim por anos, até entender que tudo que eu colocava no papel - e nas redes - estava diretamente ligado ao meu corpo. Cada palavra que aqui escrevo e chega até vocês é também parte do meu corpo e me dar conta disso fez com que eu percebesse o quanto pratico a escrita da monstruosidade, que está intimamente conectada com o fato de fazer minha voz, minha escrita e meu corpo chegarem aos espaços de forma assíncrona, ocupando-os.
Escrevi sobre isso na minha coluna no Estado de Minas .A partir da investigação do meu registro de voz e da minha própria forma de narrar e ficcionalizar minha existência - a autoficção, percebo que houve, então, a criação de um jeito de ser lida/ouvida antes de ser atacada por habitar um corpo considerado monstruoso. Agora escrevo não apenas expondo quem sou, meu corpo e o que sinto, mas também tudo que me atravessa ~outros corpos, pessoas, etc.
É também a partir do meu corpo gordo - monstruoso - que consigo falar com milhares de pessoas de uma única vez. É quando enfim aceito minha monstruosidade e tiro meus demônios pra dançar, passo um café e os convido pra um bate-papo que, enfim, essa monstruosidade deixa de me assombrar e passa a me servir de descanso, acolhimento, lugar de criação. É só quando entendo que é impossível separar o corpo do nome ~ ainda que eu tenha tentado por muitos anos ~ que consigo me ver por inteiro.
Minha escrita, assim como eu, chega com imperfeições, ora muito grande ~ fazendo jus ao exagero ~ ora muito intensa, mas sempre com essa voz que me arranha e atravessa o corpo e, quando te toca, é porque esbarra justamente no seu também.
Sendo assim, faço a reflexão: o quanto nosso corpo é responsável pela nossa história e nossas memórias?
Como nossos movimentos e nosso corpo influenciam nossa prática de escrita? Como os corpos monstruosos aparecem e são tratados na literatura contemporânea? Quando corpo e voz se encontram? A autoficção é um movimento de criação a partir do corpo? Existe uma autoficção corporal? O quanto de verdade há nos textos feitos com o corpo? O que de fato aconteceu? O que é memória e o que é ficção? Há lugar para os corpos dissidentes na literatura? Como estes corpos e vozes encontram profusão nas ruas e fazem literatura a partir dela? A quem serve a normatividade corpórea? A monstruosidade é um lugar ou não-lugar de escrita? Quais as obsessões de escrita dos corpos?
Debruçada nestas questões, resolvi partilhar, neste pocket curso inédito um pouco dessa literatura, da minha forma de fazê-la e de partilhar outras que esbarrei no caminho, com obras e autores que fui lendo, encontrando desejo, monstruosidade e criando a minha forma única de fazer minha literatura a partir do meu corpo, das minhas memórias, do meu afeto e do que me atravessa. São obras que valem ser olhadas com cuidado.
Neste pocket, vou falar sobre meus processos criativos e das principais vozes e corpos que fazem parte da minha formação. É uma aula 100% online, com possibilidade de interação e aberto às perguntas no final.
Bibliografia sugerida (não é necessário ler para o encontro, são dicas)
A gorda- Isabela Figueiredo
Seleta, por pior que pareça - Marcelino Freire
Se Deus Me Chamar não Vou- Mariana Salomão Carrara
Fome: autobiografia de um corpo - Roxane Gay
Um corpo negro - Lubi Prates
Testo Junkie - Paul Preciado
Antes que seja tarde para falar de poesia - Letícia Brito (Tom Grito)
A bruxa não vai para a fogueira neste livro - Amanda Lovelace
Ninguém vai lembrar de mim - Gabriela Soutello
Flor de Gume - Monique Malcher
Costuras para Fora - Ana Squilanti
Aquenda: o amor às vezes é isso - Luna Vitrolira
Meu corpo, minhas medidas - Virgie Tovar
Osso de Baleia - Lorena Otero
Teoria King Kong - Virginie Despentes
Boca de Cachorro Louco - Kah Dantas
Afetos ferozes- Vivian Gornick
O pai da menina morta - Tiago Ferro
Depois a Louca sou eu- Tati Bernardi
A morte do pai- Karl Ove Knausgard
A chave de casa- Tatiana Salem Levi
Vista Chinesa - Tatiana Salem Levi
A resistência- Julián Fuks
A casa na rua mango - Sandra Cisneros
O quarto branco- Gabriela Aguerre
Fat chance: a vez de Charlie Veiga - Crystal Maldonado
O corpo dela e outras farras - Carmem Maria Machado
Máquina de Pinball - Clara Averbuck
No útero não existe gravidade - Dia Nobre
Brazza - Mariana Bretch
FAQ
Perguntas frequentes
O curso é totalmente online?
Sim. O curso é 100% online, com possibilidade de interação.
Posso me inscrever e pagar depois?
Sua inscrição só é efetivada após a confirmação do recebimento.
Preciso estar online durante as aulas?
Você precisa ter um computador, tablet ou celular com acesso à internet para acessar a plataforma onde o curso será ministrado.
O curso vai ficar gravado?
Sim. Durante 30 dias você poderá acessar o curso.
E se eu não conseguir acompanhar o curso no período estabelecido, há reembolso?
Não. O curso fica gravado justamente por isso.
Há certificado?
Sim, há um certificado que será enviado por e-mail.
Existe algum canal de comunicação com a organização do curso?
Sim. Você pode falar comigo através do e-mail: balbino.jessica85@gmail.com
Você poderá editar o participante de um ingresso apenas uma vez. Essa opção ficará disponível até 24 horas antes do início do evento.
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JESSICA BALBINO
Jéssica Balbino é jornalista, mestre em comunicação e acredita que pode transformar o mundo através das narrativas. Colunista do Estado de Minas e da Puta Peita, escreve sobre corpo e literatura. É criadora e editora do Margens, projeto que difunde conteúdo sobre mulheres periféricas na escrita. Curadora de eventos literários em todo país. Podcaster, professora de cursos livres e autora dos livros "Hip-Hop - A Cultura Marginal", "Traficando Conhecimento" e “gasolina & fósforo”.
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