03 dez - 2022 • 09:00 > 03 dez - 2022 • 12:00
03 dez - 2022 • 09:00 > 03 dez - 2022 • 12:00
“Abertura” foi pensando pelas membras do GEPEF (Grupo de Estudos, Pesquisas e Escritas feministas) como forma de ofertar aulas acessíveis e introdutórias sobre releituras de diferentes saberes a partir da perspectiva feminista apoiadas em temas seminais da psicanálise, política, filosofia e estudos sociais, com a proposta de despertarmos interesse em estudos de gênero. A aula do dia 03/12 com Alessandra Affortunati Martins pretende rastrear o conceito de inveja do pênis nas obras de Freud e Lacan e questionar a primazia do falo na psicanálise.
**O conteúdo ficará disponível aos inscritos por até uma semana após a sua realização.
Descritivo do Conteúdo
Olhando mais detidamente o conceito de inveja, destrinchado por Melanie Klein e Karen Horney, observa-se características específicas da inveja: sua íntima relação com o sistema defensivo da negação. Nesse registro, começa a ficar claro como a inveja é uma forma de apagamento do objeto até que sua existência se torne invisível.
A vulva recebe exatamente esse tratamento de invisibilidade na psicanálise – ela aparece apenas como ausência do pênis ou um lugar ferido, amputado. Entretanto, a materialidade da vulva exigiria toda uma articulação simbólica e todo um léxico diferente daquele promovido pelos psicanalistas mais estudados, que, de um modo ou de outro, articulam sua gramática de maneira falocêntrica.
Liv Strömquist (2018) fez um estudo detalhado sobre esse processo de ataque à vulva em A origem do mundo. Destrincharemos algumas das referências feitas por ela em aula. Além disso, veremos que o primeiro destaque simbólico dado à vulva está em A origem do mundo, pintura de Gustave Courbet (1866). No campo da Estética, esse quadro imprime uma marca única na historiografia da arte moderna e abre um campo inédito para todo um léxico que poderia se estabelecer como antitético do falocentrismo.Um fato curioso, que também será abordado: embora Jacques Lacan tenha possuído a obra de Courbet, nunca a citou e nem pensou a obra em termos simbólicos para rearticular a sua psicanálise.
Em uma apresentação sobre a inveja da vulva, feita recentemente por Alessandra Martins no PSILACS (a partir do minuto 30), caminhos de análise foram apontados, sem que fossem esmiuçados mais detidamente. A ideia desta aula do Abertura é justamente desdobrar os tópicos trazidos nesta apresentação e descrever de maneira mais consistente qual seria uma possível gramática psicanalítica a ser extraída a partir da centralidade da vulva.
Professora:
Alessandra Affortunati Martins, Psicanalista e pesquisadora da Cátedra Edward Said (UNIFESP). Doutora pelo IP-USP (Instituto de Psicologia da USP) com estágio ZfL – Berlin (Leibniz Center for Literary and Cultural Research) e pós-doutorado no Departamento de Filosofia da FFLCH-USP (Faculdade Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Honorary Reseacher na Birkbeck, University of London. É membra do GT de Filosofia e Psicanálise da ANPOF (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia), coordenadora do projeto Causdequê? (UBS-Pinheiros) e colunista no site da Revista Cult. É autora das obras Sublimação e Unheimliche (Pearson, 2017), O sensível e a abstração (Peixe-elétrico ensaios, 2020) e organizadora do livro Freud e o patriarcado (Hedra, 2020).
Referências
HORNEY, Karen. A negação da vagina. In: ______. Psicologia feminina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991.
KLEIN, Melanie. (1946-1963). Inveja e gratidão e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1991.
KON, Noemi Moritz. “Ele não tem xoxota!”: a lógica do falo ou a lógica da diferença?. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental [online], São Paulo, v. 13, n. 3, p. 517-521, set. 2010. https://doi.org/10.1590/S1415-47142010000300011
LACAN, Jacques. (1954-1955). O seminário, livro 2: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985.
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