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As representações do povo brasileiro no fotojornalismo

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Evento cancelado

As representações do povo brasileiro no fotojornalismo

20 nov - 2024 • 20:00 > 05 mar - 2025 • 22:00

 
Evento Online via Google meet

Descrição do evento

METODOLOGIA DE TRABALHO:
Aulas expositivas virtuais (via Google Meet) com recursos de slides [power point].

FERRAMENTAS DE TRABALHO
As aulas do curso serão proferidas no ambiente virtual do Google Meet com acesso exclusivo dos alunos e alunas que fizerem Inscrições.
O link de acesso à sala de aula será fornecido no Grupo de Whats Apps do Curso, espaço de interatividade virtual entre o professor e os alunos/alunas. 
O Grupo de Whats App será o espaço privilegiado para troca de idéias e informações entre o professor e os inscritos no curso.  


Após a conclusão do curso cada inscrito(a) terá direito a receber um Certificado de Participação com equivalência de 28 horas-aula e outorgado pelo Projeto CineTrabalho com apoio da RET - Rede de Estudos do Trabalho) - sob a coordenação-geral do Prof. Dr. Giovanni Alves (UNESP). 


OBJETIVOS DO CURSO:
O curso pretende introduzir o tema do povo brasileiro na representação foto jornalística realizada nas décadas de 1970 e 80 no Brasil. Através da apresentação do trabalho de importantes fotógrafos da revista Realidade e Manchete, a saber, Maureen Bisilliati e Claudia Andujar,  o curso será dividido em três módulos, cada um correspondendo a um dos fotógrafos referidos, terminando com a análise do povo baiano por meio das imagens de Mario Cravo Neto, outro expoente fotografia documental desse período.

As séries de imagens apresentadas e analisadas pelo curso, serão também contextualizadas histórica e esteticamente. Apesar de interpretadas essas imagens como linguagem e técnicas fotográficas, também serão consideradas como categorias críticas e de compromisso social com aquilo que de popular foi registrado. Dessa maneira, o curso trará elementos para que se entenda a representação foto jornalística de determinadas classes da sociedade brasileira como estratos politicamente subalternos, contrapostos às elites dominantes do país, com o intuito de interrogar as condições de vida e de trabalhado no Brasil. 

PROGRAMA DO CURSO E CRONOGRAMA DE TRABALHO

20 de novembro de 2024
Aula 1 - Introdução
Exposição e Apresentação da Proposta do Curso, destacando a metodologia de trabalho e a perspectiva da abordagem das representações do povo brasileiro no fotojornalismo.

27 de novembro de 2024
MAUREEN BISILLIAT

Aula 2
A imagem do povo: a categoria social e a singularidade estética

- O povo brasileiro representado na revista O Cruzeiro: o idílico épico da mestiçagem como perspectiva editorial.
- O retrato popular nas fotografias de Jean Manzon e Marcel Gautherot: a humanismo francês forjando a figura do povo brasileiro.
- O New Journalism e a desconstrução da escola francesa na fotografia de imprensa: Robert Frank, Raymond Depardon e Joseph Koudelka.
- O povo brasileiro representado nas revistas Realidade e Manchete: o New Journalismo no Brasil e a perspectiva visual subjetivista e simbólica.
- Maureen Bisilliat: fotografia e literatura.

4 de dezembro de 2024
Aula 3
O popular como fáustico sertanejo: a travessia simbólica e estética da vida popular. 

- A vida do povo como fáustico sertanejo - a vida como um desafio ao povo, como algo a atravessar - a existência do povo marcada pelo signo da travessia.
- A mudança do código editorial e fotográfico de que dispomos: nova linguagem para representar o fenômeno psicossocial da vida popular - a fantasia imaginativa e a surpresa poética.
- A representação ficcional do Brasil - a ficção como fonte de conhecimento do Brasil – o encontro da fotografia com a literatura.
- O retrato fotográfico do povo como invenção estética - pela linguagem plástica, pela poética fotográfica: a vida do povo em narrativas prosa\poesia, romanceada pela linguagem fotográfica.
- O retrato fotográfico do povo: a construção da subjetividade pela constituição do sujeito psicológico e social na representação fotográfica.

11 de dezembro de 2024
Aula 4
O Sertão estetizado e estética do Sertão: a travessia da imagem para a experiência subjetiva e social do Sertão.

- A documentação fotográfica da existência popular como narrativa de uma “matéria vertente”.
- A documentação fotográfica da existência popular pela representação de eixos simbólicos: o sertão, o jagunço, os pactos e a travessia como temas/questões/dimensões da vida e da fotografia.
- Representação fotográfica do Sertão como uma “entidade total” - o que é vivido a partir de suas vertentes mais íntimas e menores, atenta para aquilo que é subjetivo (psicológico e social).
- A narrativa fotográfica documental da história e das estórias: o rio de estórias, os casos, a trama de casos de que o rio é feito faz também a história popular.
- A existência popular como trama do Sertão e das veredas - a trama dos grandes rios e dos pequeninos que são veredas, como rede labiríntica (labirinto: “lavorinto” \trabalho).
- A fotografia da experiência popular como o documentário de um trabalho labiríntico e um grande arco da história e de pequenas estórias de casos.

18 de dezembro de 2024
Aula 5
O sertanejo é antes de tudo o povo brasileiro – fotografia e literatura:
Maureen Bisilliat, João Guimarães Rosa e Euclides da Cunha.

- A documentação fotográfica do Sertão: representação imagética do trabalho labiríntico de histórias e de estórias através da dimensão SOCIAL e METAFÍSICA: o coração oculto do Brasil.
- A fotografia de um modo de uma vida próprio, aparentemente desconhecido pelo resto do país.
- A proposta de o Sertão estar em toda parte (na dimensão também metafísica) - o Sertão dentro da experiência popular – a fotografia como meio de identificar que o sertão é dentro de toda gente brasileira.
- Sertão: local sem lei, sem a presença ostensiva do Estado - ele é regulado por outra ordem.
- O encontro do universal e o mundo da oralidade sertaneja, avizinhados na vida popular.

8 de janeiro de 2025
MÁRIO CRAVO NETO

Aula 6 
Exu não é o Diabo: O orixá mensageiro, transformador e dialético

- Exu mensageiro dos deuses, mensageiro do tempo, princípio dinâmico da existência cósmica, histórica e humana - promove a comunicação entre os destinos e os humanos - pertence e participa de todos os domínios da existência.
- O papel ritual de Exu - aspecto que difere do princípio positivo do Deus hebraico-cristão - considerado o mestre do paradoxo para construção do mundo, provocador do caos e da ilusão para revelar caminhos - considerado o mestre da multiplicidade por assumir várias formas.
- Exu é o mais humano dos deuses, nem completamente bom, nem completamente mau (aquele que engana e trapaceia)
- Exu não é Satã - não há “o mal” na cosmologia do candomblé – a lógica e os valores além das dicotomias tais como bem\mal ou verdade\falsidade, além da lógica ocidental analítica, linear e binária que não se aplica ao candomblé.
- Exu representa a emergência da novidade - ao mesmo tempo positividade e negatividade mediadas pela emergência das novidades - é um improvisador e se apresenta entre o caótico e a possibilidade de mudança – negador de estereótipos e de códigos rígidos e formais impostos pela sociedade colonial e mercantil.
- Exu é como a vida, é também paradoxo, processo e semiose - capacidade para romper com as normas e provocar mudanças.

15 e 22 de janeiro de 2025
Aulas 7 e 8
A fotografia documental multifacetada de Mario Cravo Neto. 
 
- A fotografia como prazer estético e o sentimento de emoção: a sensação de ver Exu, o orixá mensageiro - como é possível ver Exu nas fotografias?
- A fotografia como forma de identificação do vínculo que imagens contemporâneas podem manter com as narrativas míticas sobre Exu.
- O diálogo entre as técnicas fotográficas (regras de composição e à noção de iconicidade) com os aspectos que dão especificidade ao documento fotográfico, a sua constituição indicial - o fio condutor do diálogo entre uma e outra dimensão, o contemporâneo e o mítico, o real e o simbólico.
- A organização interna e dos objetos fotografados, da composição utilizada, das cores, luzes, enquadramentos que dá a ver Exu – a complexidade do meio fotográfico no desafio dar a ver Exu.
- O contexto de imersão das imagens, cujos elementos são homens e mulheres negras de Salvador.
- Mario Cravo Neto: o fotógrafo baiano que manteve vínculos com o candomblé.

29 de janeiro de 2025
Aula 9
O povo brasileiro como Exu e Exu como o povo brasileiro: Processo constante de paradoxo e mudança.

- A cultura popular como uma cultura de dupla referência – imanência de um jogo duplo na formação sociocultural brasileira - relacionamento com o real que traduz um agir nos interstícios da coerência lógica do pensamento colonizador e mercantil.
- A experiência popular como mescla de comportamentos - entre os padrões mercantis e a expressão cultural própria - técnica de sobrevivência de duplo.
- A experiência popular no desenvolvimento de um espírito de comunidade – a construção de novas subjetividades além da coisificação e da mercantilização da vida popular: a recuperação da “alma do povo”.
- A cultura popular como cultura afro-brasileira – a convivência entre contrastes: conformidade versus resistência; aparente submissão versus subterfúgio – a multiplicidade e ambiguidade.
- Cultura popular como o simbolismo das incertezas humanas – debate frente aos limites do tempo, às condições sociais estabelecidas e à liberdade frente às imposições – como veículo de sua narrativa, como meio de sua história.
- O popular como um redemoinho voraz de fusão e confusão de símbolos e índices.

5 de fevereiro de 2025
CLAUDIA ANDUJAR

Aula 10
A fotografia distante do miserabilismo pequeno-burguês e do exotismo

 - Crítica à denúncia sutil da imprensa: o diálogo com a experimentação na década de 1970 (a diminuição do território entre fotografia e a arte);
- A cultura fotográfica de imprensa na primeira metade do século XX: a busca de identidade nacional contra o passado colonial;
- O romper com a distância que costuma se instaurar entre o fotógrafo e o fotografado e o comprometer-se: atividade engajada;
- A inspiração da época áurea da fotografia norte-americana: mesclar a paixão pelo ato de documentar com uma exigência radical e vital;
- A fotografia como o registro do infortúnio e da esperança dos homens: dignidade, respeito, pobreza, força, precariedade, esperança: o termo vulnerabilidade de Claudia Andujar.

12 de fevereiro de 2025
Aula 11
Os métodos de trabalho de Claudia Andujar

- Conceitos e estéticas distantes da simples documentação e do naturalismo: preparação para a tomada de imagens e sistemas de interferência sobre a imagem;
- A crítica à hipótese de neutralidade social e à chantagem ou à obrigação ideológica de uma fotografia populista;
- O recortar com precisão e propriedade o fluxo do real para dele fazer uma imagem: o rigor do enquadramento e senso apuradíssimo;
- A busca incessante da alteridade, da apreensão desse ser incomensurável, o Outro;

19 de fevereiro de 2025
Aula 12
Recriando as imagens do invisível

- A crítica da imagem fotográfica como produto da indústria cultural, como o “uso do Outro”;
- A responsabilidade ante o fenômeno do Outro, dele ser único e insubstituível;
- A representação fotográfica da manifestação xamânica e da mitologia Yanomami: nova abordagem fotográfica: uma epopeia espiritual e visual);
- A ideia de uma fotografia orientada por um etos próprio: a reinvenção da ação política e do ato fotográfico.

26 de fevereiro de 2025
Aula 13
As evidências melancólicas e a reconstituição crítica de um “destino manifesto”

- A dramaticidade que enuncia a vulnerabilidade da vida; 
- O desequilíbrio da introdução de novas tecnologias, não elevando a qualidade de vida, destrói uma harmonia imemorial;
- Danação do contato com o homem branco: o desequilíbrio cosmogônico, muito além do ecológico e cultural;
- O ato fotográfico como um ato político, de inserção concreta na esfera pública, e realizar-se como um gesto intimista, como uma ação no território da afetividade;
- O espírito combativo de dar voz ao gueto e revelar a poética da visão cosmogônica dos índios.

5 de março de 2025
Aula 14 - Final
Representação do povo brasileiro: Em busca do sujeito oculto
Aula do Prof. Dr. Giovanni Alves (UNESP), doutor em ciências sociais, livre-docente em sociologia do trabalho, coordenador-geral da RET (Rede de Estudos do Trabalho – www.estudosdotrabalho.net) e do Projeto CineTrabalho (www.projetocinetrabalho.net). 

Política do evento

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Sobre o produtor

Giovanni Alves

Giovanni Alves é professor de sociologia da UNESP, coordenador da Rede de Estudos do Trabalho (RET) e do Projeto Tela Crítica (www.telacritica.net) e Projeto CineTrabalho (www.projetocinetrabalho.net).

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