02 jun - 2022 • 17:20 > 02 jun - 2022 • 19:30
A leitura em papel resultou em melhor compreensão do que a leitura do mesmo texto em uma tela. A partir de meta-análises recentes, a OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, responsável pelo PISA, informa que estudantes que leram mais livros impressos apresentaram performance superior aos que preferem livros eletrônicos. No dia 2 de junho, a Plataforma Educação, que edita a revista Educação, e Two Sides Brasil promovem um debate das 17 às 19h30 para abordar esse assunto.
Fernanda Teixeira Ribeiro, Isabel Falé e Stela Maris Sanmartin vão dizer porque a leitura e a escrita em papel são eficazes e indispensáveis para a compreensão e memorização de conteúdo. Por outro lado, a materialidade da escrita e desenho em suportes físicos como o papel estimulam o desenvolvimento da criatividade e da cognição.
Segundo Maryanne Wolf, neurocientista e diretora do Centro para a Dislexia da Universidade da Califórnia, diferentes plataformas demandam diferentes capacidades cerebrais. Ela se preocupa com o fato de que a mistura de estímulos mentais proporcionada pela leitura em dispositivos eletrônicos pode comprometer seriamente a capacidade de leitura aprofundada de textos que demandam maior concentração, além de dificultar a própria construção de um pensamento crítico original. Michel Desmurget, diretor do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França, chega a defender que crianças não tenham acesso às telas antes dos seis anos de idade. Para ele, o excesso no uso de aparelhos digitais causa diversos problemas para o processo de aprendizagem, como déficit de atenção e dificuldade de concentração.
Preocupada com essas questões, a Comissão Europeia promoveu diversas pesquisas sobre o tema, no âmbito de um projeto intitulado “E-Read”. Durante quatro anos, cerca de duzentos acadêmicos estudaram comparativamente as leituras em papel e em dispositivos eletrônicos. A conclusão foi sintetizada na “Declaração de Stavanger” (em referência à Universidade de Stavanger, na Noruega):
“...A investigação indica que o papel continua a ser o suporte preferido para a leitura de textos mais extensos, especialmente se exigem uma compreensão mais profunda e se a tarefa de leitura requer maior retenção da informação, e também indica que é o suporte que melhor se adequa a uma leitura de textos longos de caráter informativo. A leitura deste tipo de textos possui um valor inestimável quando se visam algumas capacidades cognitivas tais como a capacidade de concentração, o desenvolvimento de vocabulário ou capacidades de memória. Assim, é importante que preservemos e promovamos a leitura de textos longos e autônomos como uma das modalidades de leitura possível. Além disso, como a utilização de dispositivos eletrônicos continua em crescimento, um dos desafios mais prementes será o de descobrir formas ou estratégias que facilitem a leitura aprofundada de textos de formato longo em suporte digital...”
O evento pretende estimular o debate sobre o uso complementar e sinérgico de diferentes mídias, mostrando que os materiais impressos e os cadernos não podem ser dispensados sem risco de sérios prejuízos à educação.
PALESTRANTES
Fernanda Teixeira Ribeiro
Jornalista pela USP, mestre e doutoranda em Neurociências do Desenvolvimento, na Universidade Mackenzie. Com passagem em editorias de ciência e saúde na Abril, Duetto, Ediouro, Segmento e Uol, atualmente é editora da revista Scientific American Brasil
Isabel Falé
Professora Associada e Diretora de Humanidades na Universidade Aberta de Lisboa, Portugal, Doutora em Linguística (ULisboa), Investigadora Integrada no Laboratório de Psicolinguística do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa.
Stela Maris Sanmartin,
Professora na Universidade Federal do Espírito Santo. Doutora em Educação (USP); mestre em Artes (Unicamp) e em Criatividade (Universidade de Santiago de Compostela). Professora do Centro de Artes e do Programa de Pós-graduação em Artes (UFES). Pós-doutoranda em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar (UnB). Autora de livros sobre Criatividade e Inovação.
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