Os textos dos filósofos da antiguidade compartilham uma ideia essencial sobre o caráter vivo e existencial da filosofia. Para eles, a filosofia vai muito além de um modo sistemático de pensar que é como normalmente a compreendemos hoje. Filosofar era colocar a totalidade da existência em sintonia com um modo de vida preconizado por uma dada escola filosófica; era converter-se a esse modo de vida e cultivar uma espiritualidade que provocava um efeito transformador na vida do aspirante a filosofo.

Enredar-se pelo caminho da filosofia implicava, portanto, uma ascese e uma terapêutica das paixões. Nesse sentido, as escolas estabeleciam exercícios que tinham por objetivo transformar a visão de mundo e levar a uma metamorfose da personalidade e do comportamento.

Orientados pelos estudos de Pierre Hadot, vamos resgatar e compreender a importância desses exercícios espirituais no esforço de colocar a filosofia em ação e refletir sobre questões importantes para nosso modo de viver e conviver nos dias de hoje.