Atenção e concentração são faculdades que, quando treinadas, se fortalecem e se expandem oferecendo abertura para escutar e não apenas ouvir, ver e não só enxergar. Elas qualificam nosso modo de ser e estar no mundo, daí o fato de todas as culturas desenvolverem técnicas consideradas indispensáveis para familiarizar o ser humano com sua interioridade e com aquilo que está no entorno.
A meditação é o fruto da atenção e da concentração, da capacidade de manter um foco e de criar interesses além dos utilitários e de satisfação imediata. É o cultivo de um saber inerente, de um espaço interno que naturalmente aspira à autoexpressão do seu potencial.
Na sociedade secular em que vivemos as práticas meditativas ganharam visibilidade e reconhecimento a partir de 1990, quando programas de pesquisa científica evidenciaram os benefícios que proporcionavam: a diminuição da ansiedade, do nível de estresse, do déficit de atenção, da depressão, da insônia, de desordens psicossomáticas e dores crônicas. As contribuições à saúde integral são hoje inquestionáveis.
Contudo, é importante destacar que o cultivo da atenção e da meditação nas culturas tradicionais tem o propósito de ampliar a percepção de si mesmo, da realidade na qual estamos imersos e do poder dos valores que atuam na “leitura” dos fatos.
Em aliança com esse propósito, familiarizar-se com o próprio repertório de emoções, pensamentos e sensações cria um espaço de governabilidade interna que resulta na experiência de liberdade.
As práticas meditativas são uma expressão da espiritualidade que, nas diferentes culturas, se apresenta em cartografias que apontam ao sagrado, ao inefável e à incessante busca de significado.
Programa
Sair da reatividade, do piloto automático, implica cultivar um estado de presença que se autopercebe, percebe os outros e o contexto em que se encontra. Essa atenção dinâmica se fortalece e se expande através de práticas sistematizadas em três categorias: focada, periférica e seletiva.
• Técnicas com base nos sentidos e shamatha: “permanecer na calma”.
• Referências históricas do yoga, vedanta, jainismo e budismo.