APRESENTAÇÃO

Com a pulverização da audiência, não mais fixa em uma grade engessada de TV aberta, as produtoras de conteúdo audiovisual têm atualmente expandido suas ofertas, mirando os mais diversos públicos de acordo com diferentes alvos mercadológicos. 

Neste acirrado cenário competitivo, faz-se necessário conhecer as origens de nossa produção audiovisual, que, por décadas, de geração a geração, tem educado e especializado o público brasileiro em uma paixão em comum: as histórias seriadas, contadas e consumidas por meio de diferentes gêneros e formatos, da telenovela à série.

Necessário também entender as raízes do folhetim, como gênero narrativo, e das novelas e séries, como formato, suas diferenças, demandas e regras de mercado, bem como o contexto histórico no qual se popularizaram no país, suas transformações ao longo do tempo, importância, reflexos na sociedade e lugar na cultura popular.

Conhecer a história e ter referências melhora o entendimento do desenho atual e ajuda a compreender os anseios do público. Afinal, é um produto com mais de 50 anos na liderança da audiência, que ganhou características próprias no Brasil e tomou dimensões de fenômeno de consumo de massa, poucas vezes visto no audiovisual mundial.

 

OBJETIVO

O curso é destinado a roteiristas, diretores, estudantes de roteiro e escrita e público em geral.

 

Visa oferecer referências e ferramentas para a compreensão do surgimento da telenovela no Brasil, como formato e gênero, o contexto histórico para seu desenvolvimento e transformações, e, em extensão, para a compreensão dos fatores que levaram a telenovela a se tornar uma paixão nacional e poderoso produto de consumo e de interesse geral.

METODOLOGIA

On-line por meio de material didático, exibição de vídeos e livre interação entre o professor e alunos. As apostilas com o material didático são fornecidas após o término de cada aula.

 

CONTEÚDO

 

DIA 1

 ·        Introdução:

     Definição e origem;
Formato, histórias parceladas: Sherazade, Decamerão, epopeias gregas;
Gênero narrativo: Romantismo, Folhetim e Melodrama;
Diferença entre melodrama e dramalhão e entre conto, novela e romance;
Histórias seriadas nas matinês dos cinemas, fotonovelas;
Radionovelas e soap operas;
Novela x série.

 ·         Telenovela no Brasil, anos 1950:

     Novelas ao vivo e não diárias;
A primeira novela e o primeiro beijo;
Teleteatros e seriados.

 ·         A consolidação na década de 1960:

     O advento do videoteipe;
Novelas diárias;

Venda de aparelhos de televisão;

Grade horizontal;
Modelo de produção: indústria de cosméticos x agência de publicidade x emissora;
Os primeiros grandes sucessos;
Era Magadan;

Superproduções da TV Excelsior;
Autores: Ivani Ribeiro, Dulce Santucci, Walter George Durst, Benedito Ruy Barbosa, Teixeira Filho, Janete Clair.

 

DIA 2

       ·        Modernização da telenovela brasileira e contexto histórico:

     Antônio Maria e Beto Rockfeller;
Fim da Era Magadan;
Rede Globo, a industrialização da telenovela e o Regime Militar.

·        Anos 1970:

     Transmissão e integração nacional via Embratel;

Audiência ampliada: públicos masculino e infantil;

Censura do Governo Federal;
TV em cores;
Mercado internacional;
TV Globo x TV Tupi;
Autores: Dias Gomes, Geraldo Vietri, Lauro César Muniz, Bráulio Pedroso, Jorge Andrade, Gilberto Braga, Walther Negrão, Vicente Sesso, Cassiano Gabus Mendes.

 

DIA 3

       ·        Anos 1980:

Fim da TV Tupi;

Zapping;

Band, SBT e Manchete entram no páreo;
Primeiro contrato do SBT com a Televisa;

Fim do horário das dez: seriados e minisséries nacionais;

Guerra dos Sexos e a renovação do humor;

Os sucessos de Roque Santeiro, Vale Tudo, Que Rei Sou Eu? e Tieta;
Fim formal da censura federal;
Autores: Silvio de Abreu, Manoel Carlos, Aguinaldo Silva, Gloria Perez, Carlos Lombardi, Marcílio Moraes, Wilson Aguiar Filho.

      ·     Anos 1990:

     O fenômeno Pantanal;

Fim da TV Manchete;

Nilton Travesso no SBT;

Guerra pela audiência;

Pulverização da audiência: Plano Real, videolocadoras e TV a cabo;

Projac;

Merchandising social;
Autores: Antônio Calmon, Walcyr Carrasco, Miguel Falabella, Alcides Nogueira, Ricardo Linhares.

 

DIA 4

      ·         Anos 2000:

Novela x internet;

TV Digital e HDTV;
Recnov;

Novelas importadas no SBT;

Autores: João Emanuel Carneiro, Maria Adelaide Amaral, Tiago Santiago, Íris Abravanel, Vivian de Oliveira, Elizabeth Jhin, Thelma Guedes e Duca Rachid.

·         Anos 2010 e 2020:

     Novelas bíblicas da Record e a supervisão de Cristiane Cardoso;
Novelas infantis do SBT;
Cultura participativa: Avenida Brasil
Transmedia: Cheias de Charme;
Novela x streaming;

Faixa das onze;

Pandemia de Covid-19;

Nova geração de autores;

Projeções para o futuro.

NILSON XAVIER

Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, de desenhos animados a seriados e novelas. Formado em Administração de Empresas, trabalhou 17 anos com Tecnologia da Informação, mas nunca abandonou a pesquisa de elencos e curiosidades sobre o universo das telenovelas.

Com seu conhecimento em Informática, lançou, no ano de 2000, o site Teledramaturgia.com.br, um banco de dados de pesquisa sobre as produções audiovisuais da TV brasileira, de novelas a séries e minisséries, de todas as emissoras, desde as primeiras produções de telenovela diária, datadas de 1964, até a atualidade.

Em uma época em que não existia wikipedia e a TV Globo nem havia lançado o seu Projeto Memória Globo, o Teledramaturgia foi aos poucos ganhando notoriedade, reconhecido como referência bibliográfica em várias publicações. O sucesso do site possibilitou a Nilson Xavier lançar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira (Panda Books).

No início dos anos 2010, Nilson Xavier manteve um blog onde escrevia críticas, análises e opiniões sobre as produções de novelas, séries e minisséries nacionais. Em 2011, foi convidado pelo UOL para escrever seus textos e ter sua própria coluna no portal. Entre 2012 e 2015, escreveu para o portal do Canal Viva. Após sete anos gerando conteúdo para o UOL, foi escrever para outros canais na internet: Huffpost Brasil e TV História.

Entre 2014 e 2019, fez parte do júri da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), que premia anualmente os melhores da televisão. Entre 2021 e 2022, faz parte do júri de críticos do Prêmio ABRA (Associação Brasileira de Autores Roteiristas).

Desde 2021, Nilson Xavier trabalha com Tatá Werneck, como pesquisador de conteúdo em seu programa Lady Night, da TV Globo. Em 2022, foi convidado pelo escritor Marcelo Rubens Paiva a ministrar o curso História da Telenovela Brasileira em seu portal Bora Saber. Em 2023, lecionou o mesmo curso na escolar de formação de roteiristas Roteiraria.