O atual momento testemunha a ascensão de agentes sociais historicamente excluídos, que emergem, reivindicam e propõem pautas buscando atenuar o déficit de cidadania reconhecido nesses setores. Por sua vez, a expressão simbólica desses agentes insurgentes reflete suas experiências, acumuladas ao longo de séculos, traduzindo-se em obras de arte de densidade estética impressionante e profunda relevância ética. Essa produção contribui de forma fundamental para a compreensão da história passada e presente desses grupos.

"Arte afrobrasileira: perspectivas e desafios", com o professor e curador Claudinei Roberto da Silva, é um curso que mergulha nas ricas expressões artísticas que ecoam essa história de luta por reconhecimento. Explorando temas que vão desde a emergência e insurgência até a consolidação de conquistas, examina a intersecção entre arte e história, a partir de pintores negros do século XIX, da influência do modernismo e da vital contribuição das mulheres artistas para a arte brasileira.

Este curso é destinado a todos que buscam compreender a história da arte afrobrasileira como um campo de afirmação, para além dos epistemicídios que permeiam a disciplina, reconhecendo as contribuições de artistas e pensadores da cultura como Chico Science, Lima Barreto, Racionais MC's, Rebeca Carapiá e Rosana Paulino, entre outras figuras que contribuíram para uma visão mais complexa da busca pelo direito à vida.

 

Datas: 10, 17, 24, 31 de outubro e 07 de novembro

Terças-feiras

Horário: das 19h às 21h30

Duração: 5 encontros

Público: interessados em geral

Investimento: R$ 400,00

 

Curso online

Ao vivo, via plataforma de videoconferência

Aulas gravadas disponibilizadas apenas por tempo determinado

Curso contempla certificado no final

 

Conteúdo programático

 

Aula 1 - Educação para conhecer, reconhecer e reparar: emergência, insurgência, afirmação

- Emergência: entendida como ascensão que se traduz na busca pelo direito à vida e direitos civis

- Insurgência: também se traduz por resistência e rebelião contra forças opressivas que suprimem e interditam o desenvolvimento dos divergentes

- Afirmação: entendida também como consolidação de processos e conquistas nos campos da arte

 

Aula 2 – "Rios, pontes e overdrives, impressionantes esculturas de lama" (Chico Science e Nação Zumbi): madeira e barro, Brasil feito à mão

- Arte Colonial e gambiarra

- Um certo Barroco

- Ecos no presente: os escultores Araújos, Emanoel e Maurino

 

Aula 3 - Pintores negros do XIX: "o trânsito e o transe acadêmico"

- O caso "Estevão Roberto da Silva"

- O caso Tebas e a arquitetura popular

- Belle Époque, Tia Ciata, Lima Barreto e o caso dos "Irmãos Timótheo"

 

Aula 4 - Modernismo desde aqui: "os silêncios da história e a história do silêncio"

- Modernismo desde aqui: Da lama ao Caos, do Caos à Lama Chico Science

- Lampião e o banditismo social: capoeiras, João Candido, Bezerra da Silva e Racionais MC’s

 

Aula 5 - Mulheres, desafio maior

- Rebeca Carapiá: Trabalhar com ferro

- Rosana Paulino: Clássico contemporâneo

- Natália Marques Emaye: Slam da cana

 

Sobre o professorClaudinei Roberto da Silva (professor, curador, artista visual) nasceu em 1963 em São Paulo, onde vive e trabalha. Ele é graduado pelo Departamento de Arte da Universidade de São Paulo. Como curador, ele realizou diversas exposições notáveis, incluindo "O Banzo, o amor e a Cozinha" de Sidney Amaral (1º prêmio Funarte para artistas e curadores negros) no Museu Afro Brasil em São Paulo, 2014, e a 13ª Bienal Naïfs do Brasil "Todo Mundo é, exceto quem não é" com Clarissa Diniz e Sandra Leibovici no Sesc Piracicaba, 2016. Além disso, ele foi o curador da exposição "Pretatitude. Insurgências, emergências e afirmações. Arte afro-brasileira contemporânea", realizada em várias unidades do Sesc São Paulo, de 2019 a 2021. Mais recentemente, em 2022, ele curou a exposição "Modernismo desde aqui" no Paço das Artes em São Paulo e "Quero viver até o fim o que me cabe - Sidney Amaral, uma aproximação" no Sesc Jundiaí e Belenzinho de 2021 a 2023.

Além de suas atividades como curador, Claudinei coordenou o Núcleo Educativo do Museu Afro Brasil e foi o coordenador Artístico Pedagógico do projeto multinacional "A Journey through African Diaspora" do American Alliance of Museums, em colaboração com o Museu Afro Brasil e Prince George African American Museum, em 2011. Ele também desempenhou o papel de subcoordenador do Educativo da Fundação Bienal durante a 27ª Bienal de São Paulo em 2007.
Claudinei é um acadêmico reconhecido, sendo bolsista do Programa "International Visitor Leadership Program" do Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos e do CNPq com a pesquisa "Desenho, fundador de linguagens" orientada pelo professor Doutor Jorge Aristides Carvajal em 2002. Além disso, ele é membro ativo da cena artística de São Paulo, fazendo parte do Conselho Curatorial do Museu de Arte Moderna de São Paulo na gestão 2019-2023 e do comitê curatorial do 37º Panorama da Arte do Museu de Arte Moderna de São Paulo em 2022/23. Claudinei também é membro da prestigiosa Academia Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).

 

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