21 set - 2024 • 10:00 > 21 set - 2024 • 12:00
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Estética do rasgo; uma poética boyceta
‘’O corpo-tela como corpo-imagem faz-se também como imagem mental, aliando a aparência do ser às suas vibrações, portando e postulando pensamentos.’’ Leda Maria Martins
SOBRE:
Conjuro neste aulão a partilha de proposições para a elaboração de nomeações para corpas designadas mulheres, que recusam tal condição para conjurar outros dizeres sobre o que pode um corpo. Conjuro as proposições a respeito de BOYCETA na encruzilhada entre as sapatões, transmasculinidades e não binariedades.
Neste aulão vamos juntes navegar o que podem essas encruzas nos anunciar a repeito de vidas mais dignas, ações contra coloniais diante a cena do gênero, e confabulações a respeito das tensões recentes que o dizer BOYCETA evocaram.
Devir boyceta
Se pede e se inscreve, sem pedir licença, porque não prevê ausência de dizer ou limitação para se apresentar, rasga de um corpo, ynunda de um bando sob a memória de um território nascente, do hiphop à vida que não para, que recusa o desencanto e aconchega a morte. Em 2018 Roberto Inácio foi passagem, feytyçeyro, com corpo em condições de borda para conjurar boyceta, a serviço de um bando, uma junção de forças, fruto de um ritual, revivido e vivido inúmeras vezes, até que de seu ventre pudesse brotar o jorro, pediu passagem e se cantarolou em grito em meio uma rima, ali no epicentro da criação ininterrupta, boyceta não poderia brotar de outro lugar, caso contrário o teria feito, brota na batalha dominação, no centro da cidade de São Paulo, na São Bento, berço do HipHop brasileiro, donde o que sangra em nome da fertilidade da vida é suor e a vitalidade de corpos pretos, pardos e indígenas, os que carregam sementes férteis de fora, fora do sistema de representação e significados ordenados pelo Estado branco de direito, aqueles que ainda desacreditados, habitam o próprio furo, boyceta não viria de um corpo branco, trans ou cis, afirmo sem vergonha, é preciso um rastro-resíduo de pacto com a vida no sentido amplo, é preciso carne e memória, um corpo branco, branco braquíssimo, branco brasileiro, carrega na carne a força do fechamento, ainda que pudesse conjurar a abertura, mas sob as devidas condições de encerramento, não pôde, mas o que o corpo branco pôde e pode, é compor o bando, fazer alinça rumo a fronteira, dar condições para o jorro, ser alinça na fertilidade e dar conidções para outras vidas e rasgos de cenas, e ainda assim, só o pode se o fizer em condição de implicação; bastaria dizer que se trata de um ato ‘’anti-racista’’? Diria que é preciso um punhado de outras perguntas, para de fato uma rota que faça um rasgo na cena racista, tal qual boyceta, é preciso um devir, um verbo, um ato, um feytyço, infinitos pactos para conjurar bandos que vão rumo habitar a borda, sobretudo aos corpos brancos, os branquíssimos herdeiros e os brancos brasileiros - os privados das violências de aniquilação do Estado, cis ou trans, brancos -.
Devir boyceta, condição de passagem, tremor testemunhado, ynundação desenfreada, testemunho de retomada, um conjuro que dá notícias na cena do gênero, recebe certas condições e ‘’visibilidade’’ nas performances das transmasculinidades mas não diz respeito somente a elas, tão pouco primeiro a elas, alinhadas antes ao originário, ao estado nascente - como conjura Felix Guattari - , que antecede o gênero, se alinha ao território/corpo e além dele, conta desde a encruza; não é homem nem mulher, mas é desde a imagem e semelhança da mulher com buceta que faz o furo, paradoxalmente e concomitantemente, é desde a imagem e diferença do homem com neca - boy - que faz o furo, duplo de furo, não espelhado, duplo y opaco, e por isso requer uma crioulização (Glissant) da língua para ser anunciado, e a tentativa de encerrar em uma identidade caberia somente em nome do encerramento do mesmo, seria a profecia de um fim em si mesmo.
BOYCETA, com asas e útero, num amanhã sem rumo, nascidos daqueles que refazem o pacto, rasgam o que se assemelha ao branco - aqui tal qual propõe Cida Bento a respeito do pacto da branquitude, aliás, parece importante dizer que em todo este testemunho, não nos referimos ao branco indivíduo, mas às condições de gestão de um mundo, ao pacto, o da branquitude -. BOYCETA, que requer o bando, linhas infinitas de devir; mulher, bicho, falcão, abelha, tigre, rio, convoca os critérios da linha feytyceyra de Deleuze, nasce no entre dos quens carregam a coragem de subverter a condição, que a institucionalidade do Estado insiste em naturalizar, subalterna da mulheridade com buceta sem atualizar qualquer mulheridade, ou interesse em fazê-lo, bem como a coragem de contar a paradoxal condição da performance do que pobremente a institucionalidade do Estado chama de masculino ou condição do homem, ao mesmo tempo que é desde esses mesmos lugares, de repetições do mesmo que repetem as condições da relação - a anunciada por Glissant que ‘’reconhece a violência, marca-lhe a distância’’, e findam (a violência) (d)o mesmo, dando condições para a radical diferença.
IDEALIZAÇÃO E FACILITAÇÃO:
zeca carú de paula: Navega pela exystêncya como feytyceyro, multi-artista, poeta, conjurador de ynymagynáveys e promovedor de saúde. É Psicólogo clínico (CRP: 06/136173), Mestre e Doutorando em Psicologia clínica pela PUC - SP, compondo o núcleo de subjetividades, pesquisando a construção de espaços clínicos que se fazem além do tempo colonial, a partir da anunciação de memórias do território-cidade-corpo, como as águas, os ventos, as madeiras, a terra. Compõe o bando biodiverso CARUARÊ, construindo uma pesquisa de praticas coletivas que conjurem possibilidades de se viver junto em tempos de necropolítica . É autor do livro ‘’Ynundação (um conjuro) de 2022.
INFORMAÇÕES:
Datas e horários: 21/09, das 10h às 12h
INSCRIÇÕES GRATUITAS, com opção de contribuição voluntária.
Opção 01 - Inscrição gratuita
Opção 02 - Colaboração voluntária: R$10
Opção 03 - Colaboração voluntária: R$20
Opção 04 - Colaboração voluntária: R$30
Opção 05 - Colaboração voluntária: R$40
Curso online e ao vivo, via plataforma Zoom
Todas as aulas são gravadas e disponibilizadas para quem estiver inscrite (vídeo disponível no drive por um mês após a realização do curso)
Emissão de certificado de participação para quem assistir às aulas ao vivo.
Classificação indicativa: 18 anos
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BRAVA
Um espaço de construção de comunidades a partir do compartilhamento de conhecimentos e à produção de saberes contra-hegemônicos. Os caminhos desenhados pela Brava passam por cursos, oficinas, aulões, rodas de conversa e outras iniciativas educacionais, centradas em discussões sobre raça, classe, sexualidade, gênero, colonialidade e pela formação de um pensamento crítico no geral, idealizadas e facilitadas por sujeites que moldam suas vozes a partir do enfrentamento à esses sistemas.
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