LOUCA

PERVERSA

IMUNDA

ANORMAL

Do conflito entre polícias e psiquiatras, entre prisões e manicômios, nasce no século XIX uma figura nova: A Anormal. Louca porque não inteiramente criminosa, ela transita colocada pela cidade com olhares tortos e de pouca confiança — é imprevisível e pode fazer de tudo, seu passado mostra que é errada; seu corpo é errado, seu sexo é errado, sua família é errada, sua mente é errada e por isso sua existência é fundamentalmente perigosa, perversa. Criminosa porque não inteiramente louca, a anormal teve uma infância suja. Talvez por isso faça sexo sujo, goze de forma suja, ande por lugares sujos e a sujeira seja sua vida. É incorrigível do cu à cabeça. Se é inocente, só o é por enquanto. O pior de tudo, essa criatura, esse monstro, pode ser tão fácil de denunciar pelo seu corpo (às vezes traveco, às vezes mestiço, às vezes defiça) quanto invisível — ela pode estar entre nós agora, oferecendo um perigo insuspeitado.

“Os Anormais” de Foucault, é uma obra que oferece uma genealogia de um modo de subjetivação peculiar do século XIX, marcando a emergência de um sujeito que convoca vigilância constante contra a perversão e o perigo. Seguindo os fios de diferentes esferas de construção desse Anormal (a formação da família burguesa e seus dispositivos de controle do corpo, as indagações filosóficas e jurídicas em torno da questão da inimputabilidade, a emergência do dispositivo de sexualidade e sua ingerência sobre as várias esferas da vida, a difusão das técnicas disciplinares de poder) Foucault explora as figuras do Monstro Moral, do Sujeito Incorrigível e da Criança Masturbadora. Dessa forma, ele constrói uma análise que nos permite compreender as bases históricas da aproximação entre sexualidades/gêneros dissidentes com o crime e com a loucura, bem como com as noções de perversidade e perigo que pairam entre uma coisa e outra. Desvelando os mecanismos de controle por trás desse modo de ser sujeito, Foucault oferece muito para as monstras, as trans e as queer preocupadas com questionar e derrubar o que a “Normalidade” significa como um todo.

Nesse aulão, pretendemos apresentar as propostas de Foucault em seu curso ministrado entre 1974-1975 no Collège de France, articulando-as com perspectivas da teoria queer contemporânea que possam oferecer novos desdobramentos e interpretações focados nas vivências de criminalização, patologização e marginalização de pessoas queer e trans. A partir das três figuras exploradas por Foucault, pretendemos apresentar num vaivém entre a genealogia e a atualização temporal e teórica algumas perspectivas queer sobre as infâncias, as instituições e o corpo.

PÚBLICO ALVO: O curso é voltado para pessoas interessadas nos fundamentos e reverberações que os estudos queer e trans podem encontrar no pensamento de Foucault a partir da obra “Os Anormais”. Tem caráter intermediário, propondo ser abrangente para pessoas que tenham diferentes níveis de letramento no pensamento do autor e diferentes níveis de letramento em estudos trans/queer.

IDEALIZAÇÃO E FACILITAÇÃO:

angie barbosa é travesti, transfeminista, estudante de p(cis)cologia e pesquisadora livre e indisciplinada que estuda gênero, subjetividades trans e pensamento travesti.

INFORMAÇÕES:

Data e horário: 21/04 das 19h às 22h

Valores conscientes, você paga o quanto pode no momento!

Opção 01 - Mínimo: R$30

Opção 02 - Intermediario: R$50

Opção 03 - Ideal: R$70

BOLSA INTEGRAL/PARCIAL: se você quer fazer este curso mas não dispõe de recursos financeiros no momento, mande a sua solicitação de bolsa através do seguinte formulário: https://forms.gle/4S8z62sTcsdr9tRV9

Curso online e ao vivo, via plataforma Zoom

Todas as aulas são gravadas e disponibilizadas para quem estiver inscrite (vídeo disponível no drive por um mês após a realização do curso)

Emissão de certificado de participação para quem assistir às aulas ao vivo.

Classificação indicativa: 18 anos