Neste mês, o Programa de Contação de Histórias do MCI traz, mais uma vez, histórias de etnias do Nordeste. Na nova edição, Ediele Pankararu e Ynaiê Máximo trazem diferentes narrativas dos povos Pankararu e Wassu-Cocal.
O público conhecerá narrativas sobre a dispersão do território original, o processo migratório e a adaptação na capital paulista. Abordarão pontos culturais como a importância e a força dos cantos, das danças, dos encantados e dos rituais que contribuíram e contribuem para a resiliência do povo durante a jornada e para a respectiva manutenção das tradições na nova morada.
Serão apresentados vídeos, vestes e diversos outros elementos desses dois povos; ao fim, os presentes serão convidados a participar de um Toré (ritual comum entre várias etnias do Nordeste, como os Fulni-ô, Geripancó, Kariri-Xocó, Pankararé, Pankararu, Potiguara, Wassu-Cocal e Xukuru-Kariri).
Sobre Ediele Pankararu
Nascida na Aldeia Pankararu Brejo dos Padres (Tacaratu – PE), no momento presente, vive em contexto urbano, na Zona Sul de São Paulo, onde faz parte da Comunidade Indígena Pankararu do Real Parque. Iniciou sua trajetória no Museu das Culturas Indígenas como Estagiária do Núcleo Administrativo e foi Mestra dos Saberes, integrando o Núcleo de Transformação e Saberes (NUTRAS), compartilhando os conhecimentos tradicionais de seu povo, como canto, dança e rituais, desmistificando a cultura indígena do Nordeste.
Sobre Ynaiê Máximo
Indígena Wassu-Cocal, povo de Alagoas, cresceu na cidade de Guarulhos e, desde 2020, vive na Aldeia Multiétnica Filhos desta Terra, localizada na mesma cidade. Tem intenso vínculo com o Toré (danças e cantos) e grafismos de seu povo. Já criança, dava palestras na sua escola falando sobre sua cultura e acompanha seus pais nas apresentações tocando seu maracá. Integrou a equipe do Núcleo de Transformação e Saberes do Museu das Culturas Indígenas (NUTRAS-MCI), como Mestra dos Saberes.
Sobre o Povo Pankararu
Povo originário da Caatinga (único bioma exclusivamente brasileiro), no semiárido, tem sua terra, homologada em 1987, localizada entre os atuais municípios de Petrolândia, Itaparica e Tacaratu, no sertão pernambucano, próximo ao rio São Francisco; área habitada continuamente a cerca de 7 mil anos. Como outros povos vizinhos, sofreu grandes ataques na expansão do colonialismo português desde o século XVI, perda dos seus territórios, liberdade e língua. Com a crescente demanda por reconhecimento a partir do século XX, torna-se um dos primeiros povos do Nordeste a ter reconhecida sua existência e território demarcado. Hoje, com três núcleos populacionais diferentes, no território original em Brejo dos Padres (PE); na Aldeia Cinta Vermelha Jundiba (Araçuaí - MG), junto ao povo Pataxó, no Médio Jequitinhonha; e na maior metrópole do país, São Paulo (Comunidade Indígena Pankararu do Real Parque), são um exemplo da pluralidade e diversidade dos povos indígenas brasileiros, tal como sua complexa identidade socioterritorial.
Sobre o Povo Wassu-Cocal
Descendentes de povos autóctones, habitam a região situada entre os municípios de Joaquim Gomes e Novo Lino, no estado de Alagoas, às margens do Rio Camaragibe e sufocados pela BR-101. Consta em um relatório de 1856 que suas terras foram doadas não só ao povo Wassu-Cocal, como também aos soldados, que sob o comando de Domingos Jorge Velho, auxiliaram na destruição do Quilombo de Palmares. A área foi palco de diversos conflitos entre indígenas e colonizadores ao longo dos séculos XVIII e XIX e, nos tempos atuais, essa região coberta de matas e com terras irrigadas, sofreu com a expansão das cidades, rodovias e agropecuária, forçando a migração contemporânea.
Criado em 2024, é um programa mensal para crianças e suas famílias com foco nos saberes dos povos originários e na possibilidade de experiências de interação e compreensão da diferença. Promove a valorização da pluralidade de vozes e vivências, a partir do compartilhamento de narrativas sobre os modos de viver, estar e cuidar do mundo pela perspectiva de diferentes povos indígenas.
Em seu primeiro ano de realização, Lilly Baniwa, Luã Apyká, Natan Kuparaka, Dario Machado, Gerolino Cézar e Ranulfo Camilo, Kuenan Tikuna, Djagwa Ka’agwy Kara’i Tukumbó, Cristino Wapichana, Énh xym Akroá Gamella, Coletivo Kanewí (Júlia Maynã e Awassury Fulkaxó), Sônia Ara Mirim e Natalício Karaí de Souza, Tserenhõ’õ Tseredzawê e Xipu Puri e Abi Poty trouxeram suas histórias.
Acompanhe o calendário deste ano: 21 de junho, 19 de julho,16 de agosto, 20 de setembro, 30 de outubro, 15 de novembro e 20 de dezembro.