O sagrado feminino negro sempre esteve vivo na tradição afro-diasporica, as mulheres negras sempre utilizaram de ervas para curar, de música e dança para afastar a tristeza e “o mal”. Sempre sentaram em roda para trabalhar e transmitir suas histórias através da oralidade. Sempre cuidaram umas das outras quando era preciso. O sagrado feminino negro é ancestral e é transmitido de mãe para filha, de avó para neta.

O espetáculo “Memórias Povoadas”, através de sua colcha de memórias põe em evidência o sagrado feminino negro mostrando a importância do cuidado entre mulheres negras, como ferramenta de reconstrução de subjetividades. Em cena, as atrizes trazem relatos de mulheres cansadas, cansadas de terem que lidar com o peso do mundo em suas costas. Cansadas de terem que ser fortalezas, de terem que estar prontas para lutar a qualquer momento. As atrizes trazem um questionamento uníssono: “Quem falou que eu quero ser guerreira?”. 

Inspirado no conceito de Teatro Instalação, na peça imagens e arte cênica são bases complementares da composição artística, resultando em uma experiência interativa onde as pessoas são convidadas a construírem as suas próprias narrativas. Em Memórias Povoadas, o público experimentará a diluição das fronteiras entre começo, meio e fim do espetáculo.