Ficção Como Arma de Guerra é um curso-oficina que entrelaça o estudo conceitual em torno da ficção/invenção como método de pesquisa do mundo e a prática da simulação através de diversas linguagens: escrita, fotografia, narrativas em vídeo, som, poesia, performance, entre outros movimentos capazes de gerar mundos. O curso tem o intuito fundamental de instigar a confecção de simulações na prática das pessoas que participarem do processo. Neste sentido, as referências funcionarão como engatilhadores do dispositivo imaginativo. A metodologia poético-científica passa por referências de pensamento como Leda Martins, Denise Ferreira da Silva, Ailton Krenak, Denetem Touam Bona, Castiel Vitorino Brasileiro, Yina Jimenez Suriel, Jota Mombaça, entre outras.
Carga horária total: 6 hrs
Público de interesse: A partir dos 18 anos
Objetivo Geral
Exercitar teoricamente a ficção como linguagem e/ou como aparato de desmantelamento da linguagem, pondo em prática a construção de ambientes opacos para figurar narrativas cujas camadas podem se sobrepor e gerar ruídos na noção clássica de espectatorialidade.
Objetivos Específicos:
- Motivar a redação de narrativas desobedientes;
- Levantar questões sobre a cadeia narrativa do Audiovisual, a departamentalização de seu
fazer laboral e as influências destas hierarquias sobre o preterimento da experiência em prol
da fidelidade à forma;
- Estudar referências multilinguísticas que torçam as noções de tempo, espaço, realidade,
razão e compreensão;
- Debruçar-se sobre referências que tentam resgatar aprendizados que se adquirem fora do
campo racional da experiência (ou seja, não podem ser abarcadas por arquivos
imobilizadores);
- Introduzir a ficção sônica como método experimental e acessível de suspensão do
tempo-espaço da Realidade Colonial;
- Investigar o sonho como método de criação em sua multiplicidade conceitual;
- Incentivar a criação narrativa na liminaridade entre as linguagens.
Metodologia
A metodologia poético-científica passa por referências de pensamento como Leda Martins,
Denise Ferreira da Silva, Ailton Krenak, Denetem Touam Bona, Castiel Vitorino Brasileiro,
Yina Jimenez Suriel, Jota Mombaça, entre outras.
Conteúdo Programático
ENCONTRO I — FICÇÃO: CÉLULA FORMADORA DA REALIDADE
- O valor cognitivo da ficção;
- Ficção como um estudo da realidade;
- Ficção, tradição e a legitimação de coreografias;
- Especulação da realidade: A ficção científica e o mercado do futuro; Verdade e desrealização de formas desviantes de saber;
- A ficção especulativa nas Artes;
ENCONTRO II — ESTÉTICAS FICCIONAIS RADICAIS: O SONHO E A FUGA
- Ficção como (re)ativação do sonho como exercício;
- Sonhar para torcer a realidade: fundando outro mundo através das Artes;
- Sonho, opacidade, escuridão e despropósito: cinemas sem tela, sonhos escuros;
- O imaginário fugitivo;
- Brincando com a categoria tempo-espaço;
- O Pessimismo Vivo;
- Fuga e escuridão: a incerteza como catalisadora.
Sobre a Ministrante
Anti Ribeiro nasceu em São Cristóvão (SE), vive e trabalha no Recife (PE). Sua atuação costura, de modo indissociável, pesquisa, criação e educação nos campos sonoro e audiovisual. Como foco em ficções e produção de imaginários, a partir de provocações sensoriais e narrativas, sua produção artística tem enfoque no somo como principal disparador de experiências. Suas composições e produções sônicas, muitas vezes trabalhadas como experiências expandidas em direção à instalação e à escultura, partem de paisagens e situações específicas, que são investigadas e captadas em trabalhos de campo e, mais tarde, reprogramadas e mixadas num trabalho de acumulação de camadas e sentidos. Entre seus projetos recentes, desenvolveu Afroficção e Ficção Como Arma de Guerra no formato de ciclos pedagógicos que abordam, estudam e elaboram torções de mundo e suas reflexões práticas e desconstrutivas no cinema, curadoria artística e em outros campos culturais. Com as obras de sua série de ficções sônicas intitulada Movediça, já fez parte de exposições coletivas como a Arqueia Mas Não Quebra, sediada na Galeria Almeida & Dale (SP) e em A Beleza da Lagoa É Sempre Alguém, sediada na Galeria Janete Costa (PE), além de sessões no Cinema da Fundação e no Porto Digital. Compartilha uma pesquisa sônica com a artista Jota Mombaça, o que rendeu trabalhos em algumas instituições internacionais como na Bienal de Veneza de 2022, Kadist (EUA), Serpentine Gallery (ING), Beurschowburg (BEL), gfZk (ALE), IASPIS (SUE), Teatro L'Usine (SUI), Hebbel Am Ufer (ALE), entre outras. Já foi residente da Oficina Francisco Brennand em 2021; em 2022, foi uma das artistas do segundo ciclo da residência Pivô Pesquisa (SP) e em 2023 fez parte do time de artistas do
LAB.SUAV, residência sediada pelo Chão (MA) em São Luís e Alcântara.