25 mar - 2018 • 16:00 > 25 mar - 2018 • 19:00
25 mar - 2018 • 16:00 > 25 mar - 2018 • 19:00
Segundo Encontro de Literatura Brasileira & Cachaça
> Graciliano Ramos: Em Busca da Aguardente Perdida
Graciliano Ramos foi amigo próximo do autor tema do encontro anterior, José Lins do Rego, e as obras de ambos escritores apresentam diversas correlações. Os estilos, no entanto, divergem totalmente. A precisão e a dureza da linguagem de Graciliano, imagem de sua personalidade rígida e sóbria, contrasta com o fluxo generoso da prosa de Lins do Rego.
Quando o assunto é aguardente o contraste também aparece. A cachaça é um fato da vida nos romances de José Lins do Rego, um produto que gera renda ao engenho e é consumida principalmente pelos trabalhadores da terra – com espaço para os excessos (poéticos ou não). Já os personagens densamente neuróticos de Graciliano, cujo exemplo mais conhecido é o Paulo Honório de São Bernardo, mantêm uma relação ambivalente com a cachaça – transformando suas obsessões ora em excesso de austeridade, ora em uso abusivo. E isso aparece também nas crônicas de Viventes das Alagoas ou em seu primeiro romance, Caetés, entre outros livros.
No nosso encontro, vamos falar do conjunto da obra do autor alagoano, mas com especial ênfase na reportagem autobiográfica Memórias do Cárcere. Neste livro, Graciliano Ramos relata sua vivência como preso político do governo Vargas em Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro e finalmente na Colônia Correcional da Ilha Grande. As figuras da cachaça na obra são realmente surpreendentes. A caninha aparece logo no início, encharcando noites de escrita do autor. Depois ela ressurgirá, contrabandeada para dentro das prisões, e a cada momento proporciona ao escritor alagoano uma abertura para algum tipo de liberdade – da imaginação, da memória, dos comportamentos obsessivos. Como é isso?
Inspirados no percurso do autor como cativo, vamos degustar excelentes exemplares de cachaças do estado de Alagoas e da região costeira do estado do Rio de Janeiro.
Leituras: São Bernardo, Memórias do Cárcere
Degustação: Cachaças de Alagoas e do litoral do Rio de Janeiro.
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*Maurício Ayer é doutor e pós-doutor em literatura pela USP e Universidade de Paris 8, além de escritor, tradutor, editor e sommelier de cachaça. Autor do blog Molhando a Palavra: cachaça e literatura, convenceu-se de que tudo está ligado com tudo e se dedica a procurar os fios de conexão. A cachaça tem ajudado muito nesse processo.
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