O conto “O Bebê de Tarlatana Rosa”, de João do Rio, mesclado com depoimentos pessoais do elenco – que são todes LGBTs – foi o gatilho para que o grupo pudesse debater as seguintes questões: por que ainda existem pessoas, corpos que se encontram à margem? Por que ainda existem pessoas e corpos que são assassinados diariamente? Quem são essas pessoas? Como são esses corpos? Por que existem corpos lido como abjetos? O conto traz a história de Heitor, membro da burguesia carioca do início do século XX, que busca, no carnaval da periferia da cidade, uma oportunidade de gozar dos prazeres sexuais. Heitor se depara com uma frequentadora desses carnavais - um ser estranho, que leva consigo um nariz postiço de cera, para esconder dos outros a ausência deste membro. Cem anos depois da publicação do conto, esta figura foi atualizada e refletida no corpo de uma mulher trans. Friccionando ficção e realidade e, a todo o momento, estabelecendo correlações entre a teatralidade e a performatividade, o grupo estabelece, em "O Bebê de Tarlatana Rosa", um olhar para a marginalidade atual dos corpos abjetos.
A RAINHA KONG é um grupo de teatro formando em 2016 em Campinas e que, em 2017, procura se estabelecer na cidade de São Paulo. Já apresentou seu primeiro projeto, "O Bebê de Tarlatana Rosa" no Departamento de Artes Cênicas da Unicamp na Mostra de Verão 2016 e no III Encontro de Teatro Universitário. Também apresentou na Casa 1, ONG de acolhimento LGBT, na qual também desenvolveu a oficina "Narrativas LGBT", que passou a integrar os projetos do grupo em 2017. A RAINHA KONG nasce da necessidade de seus integrantes de focalizar sua pesquisa dentro das ideias de representatividade e representação na cena. O entendimento de que as experiências dos corpos que nos formam também contribuem para um enriquecimento estético nos apontou caminhos para onde nossa produção deveria seguir.