"O GATO DO JORJÃO" é uma comédia que, ao abordar e revelar as mazelas sofridas pelos moradores das comunidades carentes de forma satírica denuncia,  também por meio do humor, nem por isso, menos contundente, o uso e abuso do poder, tanto das forças constituídas, quanto do comando paralelo e representado pelos chefes do tráfico.

O tema central é o sumiço do Biju, o gato de estimação do chefe do tráfico, o Jorjão. A partir do sumiço do gato, a favela entra em polvorosa, assustada pelo que poderia advir da reação do marginal, que manda seus ineficientes capangas em busca do responsável pelo desaparecimento do gato.

O gato, porém, depois de voar por toda a favela do "Haiti é Nós", de barraco em barraco, de laje em laje, já que ninguém quer ficar com o incômodo pacote, por medo de ser acusado da morte do gato, vem parar no quintal da família de Dozinho, da esposa Creuza e do filho Maique Jequison. Dozinho, tenta livrar-se do gato, e empurra-o por cima do muro para a casa do vizinho, que imediatamente o devolve para a casa de Dozinho, iniciando-se, então, singular partida de vôlei, onde a bola é, nada mais, nada menos do que o gato. Finalmente, Tadeu ameaça Dozinho de entregá-lo a Jorjão, o que faz a partida terminar. Dozinho terá de achar outra saída para livrar-se do felino abacaxi.

Paralelamente, mostra-se a subserviência de policiais ao chefe do tráfico, sofrendo humilhações, em troca de recebimento de propinas para acobertar ações marginais, e a disputa de mulheres da comunidade pelo amor do Jorjão. Asclépio, um simpático morador, passa a ser acusado do sumiço do gato, gerando novas e hilárias confusões.

O panorama de medo vivido pela favela " Haiti é Nós", poderia gerar no palco um drama social, caso o autor tratasse dessa forma. Mas o autor tem como premissa, que a vida mostra sempre dois lados, e o lado do humor sempre alivia a pressão dos dramas dos quais não podemos nos livrar.