Primeiro encontro da série Literatura Brasileira e Cachaça

> José Lins do Rego: Por dentro do engenho

Por Maurício Ayer*

Memorialista da zona canavieira da Paraíba, José Lins do Rego nos faz imergir na paisagem cachaço-açucareira do Nordeste, principalmente no seu Ciclo da Cana-de-Açúcar, que compreende os romances Menino de Engenho, Banguê e Usina, entre outros. Na narrativa do escritor paraibano, é possível evocar com todos os sentidos a famosa sentença de Luís da Câmara Cascudo para se referir à região nordestina desde meados do século 17: “onde mói um engenho, destila um alambique”. Nesse universo, cachaça e açúcar são complementares. 

O Ciclo do Cangaço, com Pedra Bonita, Fogo Morto e Cangaceiros, dá destaque a um personagem especial: o aguardenteiro, o contrabandista de aguardente. Junto com os barris de cachaça, carregados em tropas de mulas, ele faz circular informações, alimentos, roupas e outros produtos entre o engenho, a cidade e o sertão dominado pelos capitães do cangaço. O aguardenteiro é, então, uma figura chave na articulação entre as instâncias daquela sociedade.   

No encontro, vamos ler trechos de alguns romances e conversar sobre essas leituras. Enquanto isso, vamos conhecer as excelentes cachaças da Paraíba, produzidas tradicionalmente na chamada Região do Brejo, em cidades como Areias e Alagoa Nova, entre outras. 

Leituras: Menino de Engenho; Banguê; Fogo Morto; Cangaceiros.

Degustação: Aguardentes da Paraíba. 

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*Maurício Ayer é doutor e pós-doutor em literatura pela USP e Universidade de Paris 8, além de escritor, tradutor, editor e sommelier de cachaça. Autor do blog Molhando a Palavra: cachaça e literatura, convenceu-se de que tudo está ligado com tudo e se dedica a procurar os fios de conexão. A cachaça tem ajudado muito nesse processo.