Fale com o produtor
Ingressinho icon

O evento já encerrou...

MEIERHOLD

MEIERHOLD

29 nov - 2018 • 20:00 > 22 dez - 2018 • 21:30

Evento encerrado

MEIERHOLD

29 nov - 2018 • 20:00 > 22 dez - 2018 • 21:30

Evento encerrado

Descrição do evento

MEIERHOLD

Ói Nóis Aqui Traveiz estreia seu novo espetáculo teatral


Meierhold” é a nova encenação coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz com estreia marcada para 29 de novembro, na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont 1186). “Meierhold” é uma adaptação livre de “Variaciones Meyerhold” do dramaturgo, ator e psicanalista argentino Eduardo Pavlovsky. No centro da encenação o célebre ator, diretor e teórico russo – Meierhold – cujo discurso inovador e revolucionário o transformou em um dos maiores pensadores do teatro mundial. Ao completar o seu quadragéssimo ano de trajetória a Tribo homenageia dois Mestres da cena contemporânea e do teatro latino-americano: Meierhold e Pavlovsky. O espetáculo realiza temporada quinta, sexta e sábado, sempre às 20 horas, até 22 de dezembro. Durante a temporada estará aberta ao público em geral, de terças-feiras aos sábados, das 15 às 19 horas, a exposição '40 anos de Utopia, Paixão e Resistência', uma mostra de fotos, cartazes, figurinos e adereços que contam a história da Tribo.

Meierhold” mostra o encenador russo num tempo fora da realidade, póstumo, como um espectro que reflete sobre o seu discurso artístico e os relaciona com momentos dramáticos de sua trajetória pessoal, sujeito ao carcére, tortura e humilhações até o seu brutal assassinato pelas autoridades da Rússia stalinista. Na encenação estruturada em fragmentos, Meierhold passa de pensamentos em voz alta a relatos e diálogos imaginários com diferentes interlocutores, como com a sua amada, a atriz Zinaida Reich, também assassinada tragicamente. O espetáculo utiliza-se de diferentes linguagens e recursos, inclusive audiovisuais, fragmentos de poesias surrealistas e cenografia construtivista que remete à utilizada pelo próprio Meierhold. A cenografia é uma adaptação do dispositivo cênico criado por Liubóv Popóva para "O Corno Magnífico" dirigida por Meierhold. Na encenação estão também presentes elementos dos estudos e experimentos de Meierhold como o grotesco, o teatro popular de feira e a biomecânica. Ligado num primeiro momento ao Teatro de Arte de Moscou dirigido por outro grande do teatro russo: Stanislavski, Meierhold abandonou cedo a via naturalista para construir a sua própria concepção dramática – que denominou “teatro da convenção consciente”– e seus trabalhos experimentais lhe permitiram desenvolver a teoria da biomecânica, um rigoroso método de preparação do ator que tenta explorar ao máximo suas possibilidades físicas e psíquicas. Vsevolod Emilevich Meierhold (1874-1940) elaborou também uma encenação revolucionária e instaurou os princípios do moderno conceito de montagem. Em “Meierhold” este homem velho, confinado e exposto à tortura fisíca “por um problema estético”, vê o tempo desorientar-se dentro e fora da sua cabeça. Reclama que até os exercícios de sensibilização do corpo são questionados pelos guardiões do regime. Coerente com seus princípios, Meierhold enfrentou, sem jamais se curvar e ceder, a pressão de um sistema autoritário e absoluto contra a liberdade de criação artística, terminando por cair vítima de sua própria honestidade de artista, da intransigência com que lutou em defesa das suas ideias nos dias sombrios que se abateram sobre a sociedade e as artes russas. A história de Meierhold não deixa de nos colocar em questionamentos sobre o momento e o lugar em que vivemos. A dinâmica da encenação busca perguntar aos espectadores como Meierhold nos afeta e nos comove no sombrio Brasil de hoje. Eduardo “Tato” Pavlovsky (1933-2015) é conhecido no país pelas suas peças “Senhor Galíndez”, “Telerañas”, “Potestad”, “Passo de dos” e “Rojos Globos Rojos”.


Serviço


MEIERHOLD encenação coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz

Em cena os atuadores Paulo Flores e Keter Velho.

Musica orginal de Johann Alex de Souza

Produção audio-visual de Eugenio Barboza

Iluminação de Clélio Cardoso

Contra-regragem de Leticia Virtuoso

Local: Terreira da Tribo (Rua Santos Dumont, 1186)

Dias: quintas, sextas e sábados (de 29 de novembro a 22 de dezembro)

Horário: 20 horas

Ingressos: R$40,00 inteira e R$20,00 meia (estudante, idoso e classe artística).

Ingressos antecipados:

- Terreira da Tribo (Rua Santos Dumont, 1186), das 15 às 18h – F:3028 1358

- Meme Santo de Casa (R. Lopo Gonçalves, 176 - Cidade Baixa) – F (51) 3019- 2595

- StúdioClio (R. José do Patrocínio, 698 - Cidade Baixa), das 13 às 18h - F:3254-7200

Classificação etária: 14 anos

Duração: 90 min

A encenação de 'Meierhold' tem o apoio da TVE e FM Cultura.



A HISTÓRIA DE MEIERHOLD


Vsevolod Emilevich Meierhold nasceu em 1874, em Penza, na Russia. Foi um importante encenador, ator e teórico do teatro. Em oposição ao naturalismo teatral, desenvolveu uma técnica de encenação antinaturalista denominada de Biomecânica. Formando-se ator, em 1898 foi convidado a se juntar à trupe do recém-fundado Teatro de Arte de Moscou (TAM), de Stanislavski, onde trabalhou por quatro anos. Danchenko e Stanislavski criaram o TAM para escapar e se contrapor ao tradicionalismo teatral de então, aos clichês repetitivos e enfadonhos, às interpretações baseadas na imitação pela imitação, na cópia servil. Templo do naturalismo e do realismo psicológico, o Teatro de Arte foi a grande escola de Meierhold, que em 1902 decide percorrer caminhos próprios fundando uma nova trupe, a Sociedade do Drama Novo. Passa a inspirar-se no simbolismo, no cubismo e finalmente no expressionismo alemão para desenvolver uma pesquisa de trabalho muito particular. Propôs uma nova abordagem: um teatro que “intoxicaria o espectador com força dionisíaca do eterno sacrifício”. Em 1905, Stanislavski convida Meierhold para dirigir o recém criado Estúdio do Teatro de Arte. Mais uma vez, ambos irão se desentender artisticamente e o projeto de desenvolverem novamente um trabalho em conjunto é desfeito. Apesar de Meierhold e Stanislavski serem tratados como opostos teatrais – um preocupado com a teatralidade, outro com o conteúdo interno – os dois se admiravam e respeitavam mutuamente. Meierhold foi sempre um crítico e admirador persistente do Teatro de Arte e declarou certa vez: “serei sempre um aluno de Stanislavski”. Stanislavski, em outra ocasião, o chamou de “filho pródigo”. Em 1906 vem então um grande acontecimento: recebe uma carta de Vera Kommissarjevskaia, considerada pela crítica como a grande atriz da Rússia, convidando-o para dirigi-la. Em Petersburgo Vera tem o seu próprio teatro, e entrega a Meierhold a direção geral. Vários são os espetáculos encenados. Imediatamente após o rompimento de Vera com Meierhold, para grande espanto da classe teatral russa, Teliakóvski, diretor dos teatros imperiais, convida Meierhold para fazer parte da Companhia Dramática Alexandrina, como ator e diretor. Para Meierhold a oportunidade foi excelente: contou com meios teatrais praticamente ilimitados. A partir de pesquisas no teatro popular, na commedia dell'arte, as improvisações, a pantomima, o grotesco e o simbolismo cênico, desenvolveu uma disposição frontal das personagens com pesquisas voltadas a expressão vocal do ator e com a substituição da cenografia complexa do naturalismo pela iluminação como síntese e dispositivos cênicos construtivistas. Em 1913 cria o Estudio Meierhold, sua escola de teatro e passa a se dedicar também à formação de atores. Quando a Revolução Russa aconteceu em 1917, Meierhold rapidamente se juntou ao Partido Comunista e em 1920 foi apontado como o cabeça do Departamento de Teatro do Comissariado do Povo da Educação Nacional. Em contraposição às mostras de teatro tradicionais criou o “Outubro Teatral”, movimento que transformou os teatros em espaços de discussão política e comunhão com os espectadores. Na sequência dá origem ao ator-tribuno, o artista que não se limita a interpretar seu papel, mas que também agita e atua politicamente, distanciando-se por vezes de sua personagem para fazer com que a mensagem chegue de forma mais clara e límpida ao público presente nos espetáculos. Apesar do compromisso com a causa revolucionária, da consistência dos espetáculos, dos sucessivos sucessos de público, seu teatro começa a ser taxado pelo estado militarista de “incompreensível para as massas”, e de cultuar em suas montagens “aspectos místicos, eróticos e de espírito associal”. Os integrantes do Partido Comunista acusavam o encenador, assim como toda a vanguarda artística, de priorizar a forma em detrimento do conteúdo. Um exemplo disso é a encenação de 'O Corno Magnífico', em 1922. Sendo condenado pela escolha da peça por tratar-se de um melodrama “reacionário” sobre um ciúme doentio, e desprezou a montagem que privilegiava o riso grosseiro e os jogos corporais, numa clara alusão ao teatro popular, em detrimento de uma sã ideologia. Para Meierhold, o corpo tem um poder de significação muito maior que a palavra. Propõe a quebra da dicotomia corpo-cérebro com um treinamento global que envolve corpo e cérebro na ação e que serviu de base na construção da biomecânica. A Biomecânica é um conjunto de exercícios básicos que ajudam o ator a exercer maior controle sobre o seu corpo em situações dramáticas. A Biomecânica trabalha o vocabulário físico-gestual de modo a assegurar ao ator pleno domínio do que expressa. Esse recurso transformava o corpo do ator em uma ferramenta. As atuações pelo método da biomecânica possuíam movimentos amplos, exagerados (mas não supérfluos) e incrivelmente tensos. A capacidade comunicativa dos gestos e expressões, ou seja, a linguagem corporal, dentro da biomecânica, subjugou a linguagem oral a ponto de muitas entonações serem feitas de forma quase que inflexível. Meierhold propõe uma outra relação com o texto e indica que a dramaturgia escrita deveria entrar somente depois que o roteiro de movimentos tivesse sido criado, como o pai da Mímica Moderna dizia que a peça teatral só poderia ser escrita depois de ensaiada. Em seu princípio básico era tornar a peça, uma “poesia em movimento”. Com a montagem de “O Inspetor Geral”, em 1926, Meierhold irá atingir o auge de sua carreira. Os burocratas continuavam defendendo e exigindo um teatro em tudo maniqueísta, por demais simplista, esquematizado ao extremo, ao passo que Meierhold, tomado de impaciência e irritação, começou a criticar as peças e espetáculos que, em suas palavras “qualquer um pode escrever, e qualquer teatro pode montar”. Foi perseguido pela crítica oficial, pela classe teatral e por toda uma geração de artistas. Isolado e solitário, passou a fazer frente ao periodo mais sombrio do stalinismo. Sua reputação, no entanto, não é de todo abalada. Em 1935, Stanislavski irá dizer: “o único encenador que conheço é Meierhold”. Em dezembro de 1937 é publicado um artigo intitulado “Um teatro estrangeiro”, que acusa o teatro de Meierhold de “desvio sistemático da realidade soviética, distorção política dessa realidade e calúnias hostis contra nosso modo de vida”, finalizando com a pergunta: “a arte e o público soviéticos precisam realmente de um teatro como esse?”. A resposta oficial foi: Não. E o Teatro de Meierhold foi fechado. Stanislavski irá surpreender a todos convidando Meierhold a trabalhar com ele no novo Teatro de Ópera Stanislavski. Era uma decisão valente oferecer proteção a alguém que caíra em desgraça diante do sistema. Mas Stanislavski sabia o que estava fazendo e, aceitando as responsabilidades de sua decisão, alegou: “Precisamos de Meierhold no teatro. Ele é meu único herdeiro”. Meierhold, após ser preso e acusado de diversos crimes, ser submetido a intensa tortura física e psicológica é executado em fevereiro de 1940, aos 66 anos. Sua mulher, a atriz Zinaida Reich e também atriz de sua companhia, foi encontrada morta em seu apartamento, pouco tempo depois da prisão de Meierhold. Neste período da história soviética, mais de 1500 artistas foram submetidos ao mesmo brutal ritual estalinista de seleção cultural.


SOBRE O AUTOR

Eduardo “Tato” Pavlovsky (1933-2015) ator, autor, médico, psicodramista argentino é um dos principais nomes do teatro latinoamericano e mundial. Começou a escrever para teatro no início dos anos 1960. Desde então criou várias peças como “Senhor Galíndez”, “Telerañas”, “Potestad”, “Passo de dos”, “Rojos Globos Rojos”, “Poroto” e “La Muerte de Marguerite Duras”. Criador do Movimento Psicodramático na América Latina. Em 2004, recebeu o prêmio Dionísio de Honra durante o III Festival de Teatro Latino de Los Angeles, pela importância de sua obra em toda América Latina. A sua obra percorre diferentes fases: teatro político metafórico, estética da multiplicidade, micropolítica da resistência. Trata-se de um teatro de balbucios e não de verdades absolutas. Escrever teatro, para Pavlovsky, não é fazer denúncias, propor ideias, mas afirmar sempre a necessidade de resistir e de alimentar ideais. Gestos que se fazem a partir de perdas e derrotas vividas e não de grandes discursos. A função da resistência é produzir subjetividades diferentes das hbitualmente impostas, instaurando novos territórios de vida e alegria, inovando afetos e solidariedades. O teatro de Pavlovsky é a reiteração poética de que devemos mais do que nunca ser utópicos. E a “imaginação criadora” é uma das condições para abrir perspectivas, esperanças de oxigenação para o futuro. “Não há nada mais terrível para o ser humano do que perder a capacidade de sonhar com seus projetos existenciais.” O teatro é o espaço do humano em cena. É um ato de presença a partir do qual pessoas, audácias, invenções, imaginações, riscos e insubordinações podem se entrelaçar para escapar da homogeneização.


Local

Terreira da Tribo

Santos Dumond , 1186, Teatro, São Geraldo

Porto Alegre, RS

Termos e políticas

Sobre o produtor

Ói Nóis Aqui Traveiz

O Ói Nóis é um grupo de teatro que existe há 40 anos na cidade de Porto Alegre. É reconhecido por ter desenvolvido uma estética própria e pelo seu compromisso ético e ideológico.

Métodos de pagamento

Parcele sua compra em até 12x

Compre com total segurança

Os dados sensíveis são criptografados e não serão salvos em nossos servidores.

Google Safe BrowsingPCI compliant

Precisando de ajuda?

Acessa a nossa Central de Ajuda Sympla ou Fale com o produtor.