Em março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou oficialmente o estado pandêmico do planeta terra. Diante do desconhecimento científico sobre a doença e o seu alto grau de contaminação, a COVID-19, como passou a ser chamada posteriormente, levou o mundo inteiro a adotar o distanciamento social como uma das medidas de prevenção à doença. Esta estratégia mudou radicalmente a dinâmica urbana cotidiana, esvaziando os espaços públicos e questionando até mesmo a viabilidade econômica das cidades. Muitos afirmavam que a cidade não seria mais a mesma e precisava se reinventar para preservar sua existência. Uma visão catastrófica - e recorrente em diferentes momentos da história urbana - do “fim das cidades” tomou conta de alguns teóricos, alegando que a densidade, a dinâmica, o estilo de vida e uma série de outras características da urbe contemporânea, seria responsável pelo agravamento da pandemia.
Com o advento da vacinação em massa, as cidades estão pouco a pouco vivenciando o que muitos chamam de “novo normal”. Entretanto, estudos na área médica, em especial da virologia, indicam que o século XXI será o século das pandemias. Essa premissa parece ser confirmada pelo histórico de pandemias recentes, originárias de diferentes regiões do mundo. Enquanto o século XX ocorreram 4 pandemias de escala global: Gripe Espanhola (USA), Gripe Asiática (China), Gripe de Hong Kong (Ásia) e a AIDS (África); no século XXI, em apenas duas décadas, já tivemos 5: Gripe Aviária (Hong Kong), SARS (sul da China), Gripe Suína-H1N1 (México), Ebola (oeste da África) e Coronavírus-COVID19 (China). Surge assim a necessidade de nos debruçarmos sobre as estratégias adotadas no combate à pandemia do COVID-19, buscando identificar caminhos que apontem para uma (re)estruturação urbana capaz de responder a um futuro cada vez mais susceptível a transformações.
Passados quase dois anos, que revela a importância da gestão e das infraestruturas urbanas no combate à pandemia, torna-se um dever social urgente refletir sobre seus impactos nas cidades, projetando uma visão de futuro que almeje a (re)construção de ambientes menos vulneráveis. Se fatores urbanos dificultaram o enfrentamento dessa pandemia, quais deles minimizaram o seu impacto e reduziram os seus danos? Buscando respostas a esta e outras perguntas, o “I Seminário Conexão Cidades em Transição” se apresenta como um evento propício para a sistematização das experiências vividas nas e pelas cidades em transformação.